Hoje fiz duas coisas inéditas.
O.o
Nunca tinha ido a um velório. Sempre dei um jeito de chegar depois de fechado o caixão, justamente para não ver o morto. Não tenho medo de gente morta, não tenho medo da morte, mas a idéia do algodão no nariz do falecido me é profundamente desagradável.
Hoje fui me despedir da minha melhor sogra. Essa família é a mais antiga relação de amizade que eu tenho nesta vida tão fragmentada, e a minha história em Salvador pode começar a ser contada quando entrei para o clã dos Miranda.
Ela era a personificação do trabalho silencioso e continuo. Sua família foi reconstruída por ela, tijolo por tijolo, num desenho mágico. Incansável, manteve filhos e marido sempre seguros por uma poderosa e invisível mão amorosa. Todos eles foram salvos por ela.
E eu fui ao seu velório. O sofrimento do meu amigo, ali, debruçado sobre a mãe, foi maior que a minha reserva. Fui, fiquei ao lado dele, levei-o para lavar o rosto e as mãos, cuidei do básico do conforto dele. É o que mais importante consigo fazer na hora da crise: cuidar do essencial.
o.O
A segunda coisa inédita que fiz foi sentar no colo da minha mãe e chorar copiosamente.
********
Pensa num absurdo. Pensou? Na minha vida, tem precedentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário