EU TENHO UM WINAMP DO DEMO TB!!
Certo, o termo “winamp do demo” é dele. Mas cabe direitinho pra mim.
Como saber se vc tem um winamp do demo: basta programar as músicas em ordem randômica. Se as músicas foram condizentes com o que vc está passando, parabéns! Vc tem um winamp do demo! Impressionante como as músicas se adequam ao que vc está pensando, à situação que vc está vivendo.
Estou num dilema miserável, mas dilema do bem. Preciso decidir se cresço de vez ou não. Se entro no rol das pessoas categorizadas. Se começo a construir a minha vida.
Estou eu, jogando Freecell e debatendo fervorosamente comigo mesma sobre isso (Um aparte: Eu tive um gerente em Itabuna, depois que o Marcelo voltou pra Minas, que passava tardes e tardes jogando Freecell no computador pq dizia que fazia a cabeça funcionar. Hj, quase três anos depois, descubro que é verdade). Recitei a minha ladainha padrão:
—Deus, me dá um sinal, Deus, me manda um sinal qualquer de que eu devo fazer isso, de que vai dar certo.
Um segundo e meio depois o Winamp do demo começa a tocar “Bem vindo ao mundo adulto”.
Alguém dá mais? Alguém? Ouvi cinco e quinhentos? Não? Dou-lhe uma. Dou-lhe duas. Dou-lhe três, vendido para a senhorita de cabelos lisos e avermelhados ali no canto, com um sorriso matreiro na cara.
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Tarde de gravação. Roquinho me deu de presente Ricardo Pimenta, melhor cinegrafista da casa, na minha opinião. Vamos em busca de bizarrices pro tal programa.
Um cachorro que reza. Um senhor que assovia com um cigarro e um palito de fósforo na boca. Uma menina elástica. Um gari que faz malabarismo com o latão. Mas o que realmente pagou o meu dia foi o Mântrico Mantri Metrôn.
Mântrico é um louquinho que nos acompanha (a mim e à Marcela) desde 98, na Band. Não deu duas: preciso de alguém que faça bizarrices, liguei pra ele. Ele é todo metido a esotérico, usa umas botas de couro com um sol e uma lua desenhados, um em cada pé, uns óculos de madeira com uma lente verde, que ele mesmo entalhou. Uma ON-ÇA!
Lá foi ele. No início ele queria entrar com uma tanga tapa-sexo e um fiozinho só na bunda, tocando uma cítara. Alguém calcula o que é um ser humano que toca UMA CÍTARA DE TANGA? Eu, trabalhando deitada, com febrão, cheguei a piscar os olhos quando ele falou isso. “Delírios, Deus, a essa hora?” Mas era verdade.
— Não, Mântrico, não pode, são só 30 segundos.
Isso feito, perguntei qual era o número.
— Vc escolhe: eu passo uma fita de uma narina para a outra por dentro e enfio um lenço por dentro da boca e tiro pelo nariz.
Um minuto de silêncio. Estou realmente delirando?
Se estou, vamos nessa:
— Os dois, Mântrico, os dois.
E ele fez. Que coisa bizarra, Jesus! Junto com fita veio meleca, a fita veio molhada de coriza, uma nojeira sem fim. Tinha uma estagiária da TV que estava lá assistindo às gravações que nem conseguiu acompanhar o número dele. E ele, pra facilitar a passagem da fita, tirou e enfiou do nariz um sem-número de vezes. Na hora de gravar, ainda LAMBEU a fita pra amolecer mais.
Desculpa se vc estava jantando. Mas foi verdade.
O final foi anticlímax: correu tudo bem, fechei a gravação com um grupo que eu amo , a Banda de Boca, que faz os instrumentos da música com a boca. Eles são absolutamente fantásticos, eu os descobri na época do Arerê, e além de tudo são estupidamente simpáticos, competentes, responsáveis. Eles sim fazem todo o trabalho valer a pena.
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Sim, 5 barbies. Essa foi, sem sombra de dúvida, a viagem mais trabalhosa que eu já fiz com a banda. Dormoniiiiiiiiiiiid, meu bem, cadê vc?
Domingo eu tô de volta.
Say a little pray for me, please!
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