quinta-feira, julho 18, 2002

Eu estudo numa área de preservação da Mata Atlântica. Tenho certeza. Do portão até a faculdade onde estudo, são pelo menos 1000 metros de mato, barro, animais soltos. Dia em que tenho que ir de ônibus é uma tortura: eu, um ser humano pouco ou nada ligado à vida rural, tenho que encarar cabras, bodes, cavalos, GALOS...
Bom. Isso não é nada comparado aos dias em que chove. Esses são dias de total contato com a natureza. Se alguém é adepto de trekking, de passeios mato adentro, está convidado para um dia no campus de Ondina. Hoje foi um dia assim.
Tinha a maldita aula de italiano no Instituto de Letras, que fica em frente à minha unidade. É só atravessar a pista, um minuto e meio e estamos lá. Saio, pois, 12:05 da aula do Wilson Gomes, como alguma coisa na cantina, espero pra ver se vou morrer, não morro, saio pra aula na outra unidade. Legal.
Chovia cães e gatos, e cheguei um tantinho molhada na faculdade. Com um ar curioso, começo a investigar as paredes em busca de um quadro de avisos que me mostre onde será a minha aula. 20 minutos depois, no segundo andar:

— Onde será que fica o quadro de distribuição de salas?

Encontro uma professora muito simpática, que me rebate a pergunta sobre a sala de Italiano:

— Tem certeza de que tem Italiano Instrumental hoje?

Tenho, estimada mestra, só preciso saber onde. Muito solícita, ela me indicou o quadro do terceiro andar. Mais um lance de escadas. Chego lá e... a aula vai ser no PAF II???? Que brincadeira perversa é essa??? PAF II fica a 10 km de Fim do Mundo...
Desci as escadas resmungando, encontrei Rafa, colega dos primórdios faconianos, fofocamos uns 15 minutos, ela foi pra aula e me deixou com a missão de enfrentar os lagos formados no caminho até o prédio de aulas, o matagal, a chuva que caia desesperadamente.
Chegar no PAF I foi um mistério. Alguém se lembra de um jogo chamado Pittfall? Cheio de lagos, crocodilos, caminhos alternativos? Lembra? Pois é, Daniela jogou Pittfall ao vivo e a cores hj... Caracoles, pulei lagos enoooooormes, desviei de cachoeiras nas encostas, andei por cima dos murinhos. Gente, isso tudo dentro do campus, viu? Uma emoção!
Quando consegui vencer todos os caminhos sem perder nenhuma vida, a chuva engrossou, e minha cota de energia pra continuar no jogo estava baixa. Resolvi terminar o caminho andando mesmo. Cheguei no PAF I encharcada, e entrei no prédio pra pegar um atalho pra chegar no II. Todas as portas do prédio que dão acesso ao outro PAF estavam fechadas!!! Eu não ia dar a volta no prédio todo, passar por fora, tomar mais chuva, e eram quase duas da tarde! Fim da energia, Game Over, You lost!
Saquei o celular, e muito maduramente, berrei:

— Alguém pode me pegar aqui na faculdade??????

Minha irmã fez a caridade de ir com o meu pai.

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Agora até que melhorou. Antigamente todos os animais da Faculdade de Veterinária ficavam soltos no caminho para a saída do campus, fato que acabou nomeando a trilha de "Caminho das Cabras". Imaginaram Daniela, um ser urbano, caminhando entre as cabras?

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Dia psycho. Luna estava na faculdade 7:50. Luna é um cara mais turista que eu. Encontrei Jorginho na cantina. Jorginho é diretor de teatro e saiu da FACOM pra fazer dança. Figura nota 10! Encontrei Mingau, Reurê, Leila, conheci Perazzo. Mingau e Reurê são amigos antigos, Leila é a namorada do Mingau, Perazzo é um amigo do Crubinho (ah, o q é Crubinho? Uma sociedade secreta...) com quem eu conversava só por email.
Encontrei Christian, q foi vocalista da banda q eu produzia, fiz minha carteira de estudante (que era causa perdida) e ganhei um carinho nas costas de um cara chamado Douglas, de Ciências da Computação. Apaixonei.

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Elementar, meu caro Watson. Apaixonei de novo. Amor de Baudellaire.




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