domingo, abril 01, 2007

Eu queria alguma paz de volta, mas sem paixão eu não me movo. Caio no paradoxo, então: odeio viver apaixonada, mas não vivo realmente se não o estiver.

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Da minha janela, vejo um raio de sol douradíssimo que pinta a parede do prédio vizinho. Quase me deu coragem de subir a serra e ver o mar. Mas deixa lá: amanhã eu tenho que sair de casa, mesmo, e vejo aquela enormidade que não se cansa de me mostrar o quanto pequena eu sou.

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Eu preciso parar de enxergar entrelinhas onde elas NÃO existe.

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Estou com saudades das priscas eras em que viajava a trabalho, quando trabalhava com música. Dos quartos de hotéis, daquela paisagem lindíssima do corredor daquela cidade sensacional, dos alojamentos ajambrados, das noites sem dormir, de nunca ouvir as três primeiras músicas — só ouvia o coração disparado. Dos meninos da banda, de ganhar e fazer massagem, de comer cada dia uma gororoba diferente, de ir receber o cachê da banda sozinha, no meio do povão. Saudade daquele instante fugaz em que reencontrei a versão baiana do Jacques Mayol, compenetrado nele mesmo, alto, como sempre o fora nas minhas lembranças. E não, não me lembro em que cidade foi isso.

Quatro cidades em dois dias, dois shows por noite, o terceiro inviável por causa do deslocamento. Saudade de dançar forró com aquele outro moço alto, das mãos bonitas, a única pessoa em cujos pés não pisei. Saudade de conversar com o Fábio, meu amigo faconiano, tão apto a me acompanhar nas digressões abstratas. Saudade das feiras do interior, do frio delicioso das cidades do sul, de arrumar mala para dias de chuva e dias de sol. De passar meu aniversário na estrada. Tenho saudade de toda aquela vida louca, de arrebentar cadeado com pé de cabra, de dormir em ôniobus, de viver e quase casar com ais 31 pessoas.

Não, não sei o porquê de toda essa saudade. Até hoje tenho dinheiro a receber, tive problemas horrendos de estômago... E a vida campestre nunca foi o meu forte.

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Preciso, na verdade, é fazer essa catraca rodar. A fila tem que andar. Mas como? Aonde? Por quê? E o mais importante: QUEM?

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