Água, e pisar os pés quentes num rio gelado e limpo, de pedras centenárias ao fundo, e mais de um metro e noventa de homem (LINDO!) me abraçando, pode ser a idéia que eu faço de paraíso, vida eterna...
Temporada de chuva, e tivemos o último dia antediluviano. "Salvador X-press", um city tour de veja-tudo-em-uma-manhã, e depois disso o sol nos deixou. Se já não fosse um trabalho gratificante, ainda assim o elenco da peça compensaria quaisquer desgastes. Gente de coração bom, gente que nos tira lágrimas, gente que nos apaixona, gente que vai embora, gente que a gente aprende a amar.
"Divaldo, simplesmente Franco" é o nome do espetáculo, e a equipe do Renato Prietto tem toda ela o mesmo perfil do seu diretor: doces, companheiros, profissionais, competentes, deliciosos. Vontade de fazer essa turma toda perder o võo de segunda-feira, e o de terça, e o de quarta... E alugar um apartamento para cada um em Salvador, e trazer para dentro de casa, e fazer carinho, e levar para jantar. Bom, a parte de fazer carinho e levar para jantar a gente pôde fazer.
Riso de quebrar feitiço, ainda parafraseando a generosa Walkiria Ruiva, e os raios cortavam o céu numa saudação poderosa: Salve, Divaldo! Salve, Renato, Rogério, Fernanda, Sylvia, Maira, Marcinho, Regina, Junior, Dani! A água que caía enxagüava a alma, que levara "um sabão" durante o espetáculo. Texto de fazer rir, de fazer chorar, de fazer pensar, sobretudo.
Dois a dois, saímos do carro para o restaurante sob um guarda-sol que dava hora extra noturna. Calças arregaçadas, como se a tarefa fosse pular um igarapé, vou na última rodada.
— Eu vou com a Dani! — e senti um braço forte nas costas. Me deixei sentir protegida só por aquele momento em que o riacho cobria os meus pés, os desse homem bonito ao me lado, as rodas da van.
Noite de encontros randômicos. A lua nova me foi tirada, mas a noite me trouxe o Lua, amigo de carnavais outros, cumplice de muito cravinho tomado junto, sentados os dois na porta de uma secular mansão no Pelourinho. Amigo de confidências sobre a vontade de ter filhos, amigo de praia, salva-vidas de profissão e vocação. Salva-almas, cujo nome já dá poesia: Luamar.
A noite me trouxe ela, a Gata Roxa, amiga de blog, amiga de cervejas num dezembro que ainda não sei se existiu, companheira de elucubrações. Junto dela veio ele, amigo de blog, amigo de bancos de ônibus, amigo de bancos escolares, amigo que finalmente reencontro.
E vieram "À Flor da Pele", e o Monka, em pensamento; veio "Atrás da Porta", e as longas caminhadas pelo vale sem verde. Na esteira da noite sem (com) Lua, vieram amigos, amores, saudades, sorrisos. Veio a lembrança do sonho com o Bruno, sonho mesmo, e lá nós finalmente nos acertamos.
— Estamos juntos, Bruno?! — num misto de espanto, ironia-self defense, expectativa e felicidade.
— Eu estou cansado de ser rejeitado. Estamos juntos, sim. Gosto e preciso de você.
A chuva veio e ainda não foi. A volta foi feita com o braço forte do homem alto e bonito e bom não mais nas minhas costas, mas ao meu lado. O regato até o carro já se havia desfeito. O encanto não. Noite mágica, talhada nos céus, com as bençãos dos raios e trovões com os quais somos tão escassamente brindados. Ruas lavadas, água limpa; solto os cabelos, desço do carro, e caminho lentamente para o portão de casa, deixando a chuva beijar os meus cabelos e continuar com o passe que começou a ser dado numa noite estrelada de quinta-feira.
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Vocês já foram n'O Crivo, né?
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