quinta-feira, maio 22, 2003

Pouco mais de um metro nos separava. Pronto: 1 metro e dez, o tamanho exato das minhas pernas.

Pouco mais de um metro, ele lá, eu cá, e a certeza de que apenas um centímetro e meio se interpunha entre um beijo e o não-beijo. Havia mais: entre nós havia a minguante, eles, um banco e os problemas. Força que atraía e afastava ao mesmo tempo: pólos iguais que se repudiam, positivo e negativo que não conseguem se afastar.

Um cigarro, os olhos não conseguem se perder, a cabeça quase encontra refúgio naquele ombro. Duplando nas fotos, num projeto multimídia para o final de junho, viagem longa e com todos os predicados para ser solitária... Se fossemos eu e ele, ao invés da sagrada instituição "nós", seria uma condenação ao degredo.

Pouco menos de dez centímetros mantém sua boca longe da minha. Dez centímetros, 24 horas, 1440 minutos, 400 quilômetros rodados juntos, uma cesta de dilemas: escolha o seu escalímetro. Convergência de paixões, mentes univitelinas, áudio syncado com vídeo. Cartesiano emotivo, retas que se chocam, se afastam, se chocam, se afastam. Cerveja óbvia, mureta da praia, e você conseguiu esquecer aquela noite?

— Eu adoro quando você me lança esse olhar de ódio! — diz com um sorriso cativeiro, dentes que me mantém refém dentro da boca. Síndrome de Estocolmo, presa apaixonada pelo predador, e já não sei quem sou: caça, caçador, amiga, amante, trampolim, baralho em noite chuvosa.

Manda na minha vida; decide que vou, sim, jantar, porque está farto de me ver pulando os almoços, jantares e cafés. Declama minha carta Natal, e conta com uma ponta de orgulho que sou "Câncer com ascendente em Escorpião". Gêmeos, meu amor, monstro de duas cabeças, dois cérebros que insistem em manter o foco em você. Valho por duas, dez, milhares, e todas as minhas Danielas estão apaixonadas.

Um certo orgulho vem impresso nas suas palavras de admiração pelo que me tange, e não o flagrei encarando feio o boss, que deitava seus olhos sobre mim e lá deixava?

— Vamos comigo?

Onde quer que você vá, que você me carregue. Mas não demora, liebchen, e... TOCA RAMONES!!

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Segunda noite quase virada. Dormir, né?

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