terça-feira, maio 20, 2003

"Seus pêlos, seu gosto (???)
Seu rosto
Tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores
E as coisas
Pra te prender?"


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Eu não preciso falar: ele ouve, e verbaliza. Eu não preciso contar: ele sabe; e ri comigo. Eu não preciso falar: ele intui, e me tortura.

Tortura de mão dupla, cheiro que não sai da pele, engastado como rubi em jóia rara. Cheiro que sei, cheiro que ele sabe, mãos que percorrem costas, que conehcem nuances, que vasculham em braile. Olhos fechados, promessa de mais, e o dia tá raiando e a gente não larga essa angústia do olhar.

— Não posso te beijar.

Problema é seu. Te beijei a tarde inteira em pensamento. Correr meus dedos ávidos pelas suas costas foi só a coroa de espinhos. que adotei seguindo um ritual de Masoch. Se o que tem pra me ofertar são suas costas e o seu cheiro, bebo cada centimetro das suas sardas germânicas, cada gota miscigenada que evapora da sua pele, roubo cada centimetro que deixa desprotegido.

Que diferença faz um beijo em troca da alma, que já sei cativa?

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Dormir, que o dia é longo-curto.

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— Porque quinze dias com você vai ser pouco!

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E a dor não me esquece...

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