sexta-feira, maio 23, 2003

Meu dono. Cão sem coleira, sigo atrás da mão que me afaga.

— Você é minha! — e ele deixa bem claro para os outros da turma que a garotinha linda, de trancinhas, tem dono. Versão Eminem menina, gorrinho de lã laranja cobrindo os cabelos "fauve", rebelião de fogo manso na cabeça — dentro e fora —, abro meu caminho entre feras, bestas; homens e amores.

Sim, o outro é lindo, e o boss realmente aprecia muito a minha companhia. Sim, o lindo se diverte comigo, deve ser casado, mas e daí? Salvador é tão longe da minha Pasárgada, eles podem fazer o que der na telha.

Comportamento atípico, em parte explicada pela raiva do dia hard. Mas a cumplicidade explícita nunca foi tão negritada. Nunca fomos tão "nós" quanto fomos hoje. Nunca ficou tão claro que as minhas ações não estão no mercado aberto. Único acionário da Dani INC., só não viu quem não quis.

— Todas as noites a gente pára para ver a praia quando vou deixá-la em casa — e o "-la" em questão sou eu. Certo, meu amor, rememore para os seus amigos a primeira noite, então.

— Eu tirei os tênis na primeira noite na praia, e... — e nada!

— Você não tirou! Gente, não consegui convencer este cristão de que molhar os pés seria delicioso! — e a palavra "delicioso" remete ao inevitável: olhos que procuraram os meus, triunfo brilhando no tecnicolor da íris ("and I give up forever to touch you...") multicor. Foi delicioso, sim, e ele sabe a medida exata a usar na receita do bolo ideal: uma pitada de verdade, um punhado de sugestão, e uma dose generosa de promessas.

Estava lá: éramos mais próximos entre nós do que entre quaisquer uns dos outros; se o dia for hard, como o meu feeling da puta prevê, ele paga o cinema hoje. Matrix.

E como a cidade é grande, como um quilômetro se multiplica por dez quando está entre ele e eu; como a noite passa rápido quando são os pés dele que volta e meia chutam os meus por baixo da mesa, como vai ser difícil quando tudo for hiperdimensionado, inclusive os dois mil e trezentos quilômetros que nos afastam.

Doppelgänger de mim, que sou Doppelgänger dele; conexão quase indecente de idéias, mãos que se procuram enquanto as bocas sorriem e provam para os outros olhos e bocas que "não, obrigada, não aceito dividir a minha mulher com nenhum de vocês."

Deve ser o tal do karma. Karma do nome...

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Ei, isso vai render outro post!

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Arembepe amanhã! Hippies fedorentos...

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