sexta-feira, outubro 18, 2002

Pulamos da incrível marca dos 2' 30" para os 12' 56", divididos em dois tempos. Acho que ele é um celular da OI: mudaram o chip, mudaram as configurações, mas o shape é o mesmo. Obrigada, meu Deus, por fazer melhor a cada dia o que sempre, sempre foi muito bom!

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Eu não sei se espero demais das pessoas ou se elas realmente não me dão o que peço e preciso. Sigh...

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Preciso tomar um porre Dele. Um porre é exagerar nas quantidades do que quer que você esteja ingerindo. É deixar que a substância te satisfaça. É caprichar na dose, é usar demais, é ter em abundância.

Quero um porre Dele. Quero ter demais Dele, quero embebedar naquele gosto, naquele cheiro. Quero ficar tonta e cair naqueles braços, encostar a cabeça no peito dele pra ver o mundo girar em segurança.

Mas o porre não vem sozinho. Depois do porre vem a ressaca. É um enjôo que não passa, uma dor de cabeça sem fim, e parafraseando L.F. Veríssimo, "Ressaca de licor de ovos. Um dos poucos casos em que a lei brasileira permite a eutanásia." Nem só de licor de ovos. Qualquer ressaca deveria ser um passaporte para a morte merecida.

E é por causa da ressaca que quero o porre. Quero ter tanto dele em mim que eu enjoe. Quero olhar pra ele e sentir o meu estômago se revoltando. Quero ter horror a ele. Quero nunca mais precisar dele como preciso agora. Não posso e não quero mais depender desse homem. Meu corpo não pode me trair desse jeito. O coração não tem o direito de martelar tão forte na antecipação de um prazer. Não quero acordar e continuar sonhando com os beijos dele. Quero pensar nele e sentir repulsa. Ou como Veríssimo e a garrafa de rum: "Não sei o que a cuba-libre fez com meu organismo, mas até hoje quando vejo uma garrafa de rum os dedos do meu pé encolhem."

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E rezar para que depois da ressaca, nunca, nunca mais sentir vontade de me embebedar dele. Rezar para não ter deixado o vício fugir ao meu controle.

"Jurava que nunca mais ia beber, mas, antes dos trinta, "nunca mais" dura pouco. Ou então o próximo sábado custava tanto a chegar que parecia mesmo uma eternidade."

Luís Fernando Veríssimo - Ressaca

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