segunda-feira, dezembro 02, 2002

Contratempos... Tive todos no dia do show. Problemas com músicos, o único roadie bom sumiu. Tive que ficar com o desconhecido e sem iniciativa e convocar um que é PÉSSIMO! O mínimo que ele fez foi passar o show dizendo desaforos pro baterista.

Fora isso... Bem, o palco estava com uma energia horrível, o show foi tecnicamente ruim, mas o público, pra variar, não percebeu. O cavalo não era o Meteoro, meu baterista preferido foi como convidado especial, nunca rezei tanto para chover e acalmar a nuvem de poeira que subia o tempo todo. O boi não entrou, fui cumprimetá-lo no pastinho onde ele estava, CONSEGUI NÃO FALAR COM O PRODUTOR DO EVENTO, reencontrei Paulinho, baterista da melhor qualidade, a quem eu não via há uns 3 anos. Achei R$ 8,00 no palco 1 (oito, sempre oito, que recorrência), quase esgano o meu artista pq a produção do palco estava em cima de mim para terminar o show.

Quando a primeira pincelada de azul claro se intrometeu no azul escuro do céu, o show acabou. "From dusk till dawn". Ninguém virou pó, os vampiros não foram embora, mas tudo terminou.

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A tensão do início do show beira o sobrehumano. Não tenho a menor idéia de qual é a música de introdução; a única coisa que sei é que no set list ela é chamada de "abertura". Eu não ouço nada, só o meu próprio coração batendo quase dentro da minha cabeça, como num metrônomo embutido, marcando as minhas passadas.

E se o cavalo surtar? E se o microfone falhar (falhou!)? Estou a uma distância infinita do palco, razoavelmente perto da house. Mas estou sozinha; o artista, o cavalo e eu. Qualquer problema é comigo e comigo. O público é imprevisível. É neguinho que quer bater no cavalo, é bêbado que quer subir no cavalo, tocar berrante, tocar na produtora, dançar com a produtora. E a produtora correndo, dando ordem para a segurança, sorrindo para bêbado, sorrindo para o artista, sorrindo para o cavalo...

Mas... Eu ainda me emociono com todos os shows do meu artista. Na hora em que os instrumentos começam tocar a mesma coisa, me dá uma sensação de pertencer, de saber que eu fui peça fundamental para isso estar acontecendo. É um tempo ínfimo, mas me parece uma eternidade quando olho do palco para o meu artista e me permito sentir um carinho enorme por ele.

Mas passa! E como passa rápido!

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Ainda teve o sábado e sua festa alemã. Quilos de würst, rösti, chopp, e eu lá, com um choppinho morno na mão, pq era tudo o que eu tinha me permitido ingerir. E em pé, me sentindo mal. Destaque para as piadas sobre suspensórios austríacos, ursinhos de pelúcia como brinde da tômbola, carneiros e bodes rifados. Alemães são pessoas estranhas, com rituais estranhos.

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Tômbola, gente! Rá, eu não ouvia falar disso desde os idos de 1983, numa festa qualquer que eu devo ter ido! Alemães e seus descendentes são estranhos! Hã, de onde vem meu Henning mesmo?

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Já pensou se eu ganho uma ovelha na rifa? O que é que eu ia fazer com ela? Trazer pra casa e criar como bicho de estimação? Passear a ovelha na coleira e chamar de Toby, Lassie, Lady? E a crise de identidade da ovelha, achando que é cachorro? Ao invés de balir, ensaiando uns latidos com a Nana e a Mabel. Será que a ovelha correria atrás de gatos?

O que ovelhas comem? Será que ela ia subir na cama dos meus pais de manhã para pedir pão no café da manhã? Será que a ovelha ia gostar de brincar de bola de tênis?

Ainda bem que não comprei a rifa lá no bazar alemão. Eu jamais seria boa mãe pra ovelhinha...


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