sábado, janeiro 12, 2008

Foxtrot Uniform Charlie Kilo

Dez pras seis. No início da tarde, finalmente a porra empenou (adoro esse meu vocabulário fino) na TV, finalmente chegou trabalho pesado. Mal levantei os olhos do computador, afogada em números de vôos, logística, datas e planilhas sem fim.

A sala de crise, digo, produção, é um coletivão sem baias. Seis computadores em cima de uma mesa de reunião, papéis contados em toneladas, caixas, gente entrando e saindo o dia todo. Produtores de todas as bandas que você conseguir lembrar, empresários, mais telefones que pessoas... Numa palavra, zona.

O ruído do lado de fora de mim começou a crescer, aumentar, tomar um corpo quase físico. Aumentei o som do iPod, peguei o maço de cigarros, o celular, e sai voando da sala. Fui para o térreo, e ao invés de ir para o Buracão, onde fuma-se, fui na direção oposta. Estacionamento.

O sol era só uma lembrança no canto do céu, mas o parque ainda estava cheio de carros. Acendi um cigarro, e foi quando virou para essa música:

Bloodhound Gang - ...


Aumentei ainda mais o som do player, esvaziei a cabeça e fiquei dançando, amarradona, no meio do estacionamento. Olhei o céu, que já estava com aquelas cores entre o azul, o lilás e o púrpura, e achei que tinha que dividir aquela magia com ele.

Saquei o celular e mandei mensagem:

Levanta da sua mesa, vá até a janela e olha o céu. Está lindo. Chopp à noite?


Apertei o send, voltei a música mais duas vezes, dancei mais um bocado, e devagar voltei para a sala. Por um segundo, mais feliz — se me perdoam a presença dessa vírgula que nunca existiu no original.

o.O

Sete da noite, sem previsão de sair, a Sem Noção resolve ir até o rancho para comer.

— Sem Noção, a essa hora só jantar.

Dito e certo. Em estando lá, a fome apertou, jantar, né? 160 gramas, porque eu estava famélica. Soja com castanha, spaghetti ao curry, salada. E não é que a PORRA do spaghetti estava estragado?

Acabou meu jantar. Comi meio pão doce de uma amiga, um suco de abacaxi, e sem o tradicional intervalo para fumar, voltei correndo para terminar minhas planilhas intermináveis. Ainda meio com fome, ainda meio frustrada com o não-jantar. E ainda meio feliz.

o.O

Quando comecei a preencher Stella Artois — sim, a cerveja — no lugar de Stella Hotel, era hora de parar.

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The show must go on

Estou um set à frente. Comprei mais um cacife.

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Da cor do Barney...

Estou envergonhada de uma coisa que fiz, por absoluta falta de segurança. Mas muito envergonhada. Não foi grave, me pareceu deletado, mas a cada vez que lembro, chego a ficar vermelha.

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Opa, duas músicas no mesmo dia?

04 Queda Livre.mp3


Oh-yeah, babe!

Queda Livre
Cascadura

Lá vamos nós outra vez em queda livre

Não há como parar nem onde segurar
Só nos resta ir
Mas é boa a sensação de estar caindo
É tentar relaxar e se deixar levar sem se debater
Assim eu vou descer em queda livre

É bom manter a atenção
ao olhar a paisagem
As vezes ver o céu, as vezes ver o mar,
passa um avião
Só há um modo de aprender e é caindo

Vou ter o que contar aonde quer que eu vá,
todos vão saber
que eu só sei viver
em queda livre

Eu posso gritar
Ninguém vai me ouvir
não vou incomodar
Nem quero saber
Onde eu vou cair pois pra mim tanto faz
E vou seguindo

Sempre a primeira vez é mais difícil
Tentar sentir-se em paz, pensar em nada mais
Vendo-se cair
Mas, ao invés de temer eu paro e penso:
Outro jeito não há, já que eu tenho que estar
Solto a descer, o jeito é curtir a queda livre


Só que o meu fim não será o chão.

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