quinta-feira, janeiro 02, 2003

Passar o Reveillon de branco é prenúncio de paz. De cor de rosa, é a garantia de um ano com muito amor; de amarelo, dinheiro. Em nenhum almanaque de simpatias para a virada do ano, entretanto, eu encontrei o significado de passar sem roupa.

E nem pensem em pornografias: tomei banho, me enrolei na toalha, deitei na cama e dormi até 23:59. Acordei com a movimentação dos indóceis familiares esperando para deixar o ano velho pra trás, e tudo o que eu queria era dormir só mais um pouquinho, cinco minutos e já estou levantando.

E com o Ano Novo dos outros, porque o meu Reveillon é só no dia 15 de junho, recomeça a Maratona Cartoon de Aniversários Estranhos. Dia primeiro de janeiro, atrapalhando o Reveillon no clube chique que a minha avó tinha preparado, nasce minha mãe. Numa conjunção celeste que deve ser no mínimo uma piada, meu pai faz aniversário no dia 2. De janeiro.

Não posso falar nada. Mais senso de humor tiveram os astros do mês de junho: eu no dia 16; Miriam Lane, minha irmã, no dia 17 e Algas, a outra irmã, no dia 25. E ainda tem mais uma tonelada e meia de aniversariantes significativos, outros nem tanto, que só servem mesmo para fazer um número expressivo na nação castorpoluxiana.

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Policamente incorreta, sim, e daí?

Sim, eu gosto de "Complicated", da Avril Lavigne. Sim, eu leio e adoro Júlia, Sabrina e Bianca. Não, não leio só isso, claro. Leio Sidney Sheldon e Danielle Steel também. E por falar em Sidney, gosto do Magal e do Omarr também. Toco air drumm. Adoro a Rede Globo. Adoro o Pequeno Príncipe. Não vejo graça no Thiago Lacerda, e arrasto um bonde pelo Jean Reno. Acho Caetano um porre, não gosto de dance music. Fumo desesperadamente. Sou a encarnação da Messalina em vida. Estou proibida pela liga da TFP de beber um coquetel explosivo de vodka e martini. Detesto peixe, só como frangos que não têm a menor semelhança com os frangos vivos (uh... NUGGETS!!), acho que chuchu é um erro, a começar pela grafia confusa. O diabo aprendeu a fazer o inferno em Jequié, Aracaju não é uma capital, é uma piada de mau-gosto. Tenho boca suja, mastigo "chicletes nervosos" o dia inteiro, sou ácida, irônica e dificilmente alguém que não seja escorpiano vai me vencer numa discussão. Adoro blockbusters, acho que o manifesto Dogma é uma grande bobagem, não vi Pulp Fiction, Matrix, nem Titanic. Choro de rir com Hot Shots, adoro filme de pancadaria, fogo e tiros; posso citar uns três diretores de fotografia absolutamente desconhecidos só pelo prazer de ver a audiência com cara de intelectual ofendido.

E se você gosta de mim desse jeito mesmo, obrigada! Eu sou isso tudo aí em cima, e mais uma lista completa de defeitos. Mas tenha certeza de que eu não sou escrota, não sou desleal, não sou sacana nem desagregadora. Sou justa algumas vezes, permissiva em outras, mas lúcida. Acima de tudo, lúcida no que tange o mundo fora da minha ilha.

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Já devo ter visto "The Big Blue" umas 13 vezes nos últimos 7 dias. Meu presente de Natal. Sou completamente apaixonada pelo personagem do Jean Reno, o Enzo Molinari, apesar do Jean-Marc Barr, que vive o Jacques Mayol, estar entre os 5 homens mais bonitos do mundo na minha lista.

I think now, looking back... Big Blue foi o divisor de águas da minha vida. Como Star Wars, Grease, Casablanca e Citizen Kane mudaram a vida de muita gente, "Imensidão Azul" faz parte da minha formação juvenil. Depois de quase dez anos, eu revi o filme no dia em que ganhei. Descobri que os últimos anos foram dedicados ao exercício de produzir clichês do filme. De expressões do vocabulário até os tênis Adidas, passando pela paixão pelo silêncio, pelo amor ao mergulho, pelo fascínio que o Mediterrâneo exerce sobre mim. Revi o filme e reencontrei locações de contos antigos que escrevi, trechos da fotografia do filme que inspiraram algumas das melhores direções que já fiz. Ângulos, cortes, seqüências...

"Le Grand Bleau" trata, antes de tudo, de solidão. Mais um clichê que eu importei da arte? Ou uma mera identificação entre os iguais?

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