terça-feira, abril 13, 2004

Frio na barriga. Dados lançados, tomara que eles me aceitem. Frio na barriga.

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Sono, muito sono, e a vontade de explodir tudo e dar uma guinada fica sublimada pela narcose. Jogo sujo, onde todo mundo sabe quais são os seus papéis, e não os desempenham com o mínimo de aplicação. Teatro de farsa, e eu, marionete, a ser empurrada de um lado para o outro por fios que nem vejo, só sinto.

Sono, sono para esquecer que algumas pessoas me amam, mas tem um jeito muito canhestro de demonstrar. Sono para ter a eterna cara de alheada, para engolir em seco a poeira da sujeira que eventualmente fazem comigo.

Uma, duas pessoas em quem confiar, e as outras ficam trocando histórias entre si, usando esta idiota como pombo correio. Sono para tentar entender as pessoas que acham que vão definir como vai ser o meu dia seguinte, quem vou beijar, a quem vou dedicar meu amor.

E eu, estúpida, sempre fiel, sempre partidária da lealdade, livro a cara de um, entendo o outro, não encrenco, não arrombo. Estúpida, estúpida que não aprendeu que o mundo não me é leal, as pessoas não me são fiéis. Cretina, que espera fidelidade, sinceridade, lealdade do namorado, do amigo, do parente, e só recebe de uma amiga.


É fora de moda ser mulher de um homem só, dedicada, cúmplice. É fora de moda ser uma amiga que ouve, que opina, que age, que serve como bálsamo para as machucaduras daqueles a quem eu tanto amo.

Mas eu sou isso. Não vou sair bordoando, não vou despejar minha mágoa no alvo específico, não vou cair na promiscuidade e beijar cada boca disponível. Não vou me desfazer dos meus amigos, do homem que eu quero, da minha profissão. De nada. Talvez dos meus ideiais. Só dos meus ideais. Mas isso é um problema meu.

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E vou sozinha secar essas malditas lágrimas que insistem em marcar presença nesses olhos míopes.

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