sexta-feira, maio 24, 2002



Ainda guria, viciada que era em Seleções do Reader's Digest, travei contato com Edith Piaf. Era uma historieta curta que contava a história do show que ela dedicou ao grande amor da sua vida, Marcel Cerdan.
Hoje eu senti uma necessidade quase física de retomar o contato com aquela passagem da vida dela, e acabei vasculhando a Internet em busca de subsídios. O texto abaixo foi ligeiramente editado (são cinco ou seis pages com texto e fotos, na íntegra) e retirado do site Bibi Ferreira e Edith Piaf.
Tenho certeza de que não vai ter muito significado para alguns, mas a história é linda.



"Foi em New York que Piaf conheceu Marlene Dietrich, uma amizade que durou toda a sua vida, e Marcel Cerdan, o pugilista, por quem se apaixonou. Marcel era casado, tinha filhos, e isto constrangia Piaf. Mas, manchetes internacionais logo revelaram o romance da "Rainha da Música Francesa" e do "Rei do Ring".
A profissão e a paixão pela canção faziam valer seus direitos e o escândalo não alterou o crescente brilho daquela que Jean Cocteau chamava de Madame Piaf. Pelo contrário. Todo o público tinha para Edith os olhos de Marcel. Ele a achava formidável. O público achava ambos formidáveis: o gentil e soberbo campeão, arrancado pela glória do seu Marrocos natal e a alegre e comovente cantora, tirada da rua pelo milagre de sua voz incomparável.
Marcel era um homem de maneiras simples, mas, emocionalmente estável e proporcionava a Edith uma segurança que ela jamais encontrara.
A Marcel Cerdan dedicou um de seus mais belos clássicos: "L'hynne à l'amour", canção escrita em parceria com a compositora francesa Marguerite Monnot.
Apresentada pela primeira vez no Versailles, "Hino ao amor" possui algo de premonitório:


"Si un jour, la vie t'arrache à moi,
Si tu meurs, que tu sois loin de moi
Peu m'importe, si tu m'aimes,
Car moi, je mourrai aussi...."


"Se um dia, a vida te arrancar de mim,
Se morreres, se ficares longe de mim
Que me importa, se me amas,
Porque eu morrerei também."...



O infortúnio acompanhava Piaf... e na vida, aconteceu diferente do final da canção: "Deus reúne aqueles que se amam"...
Em outubro de 1949, ela estava em New York. Marcel iria encontrá-la, após um série de lutas em benefício de pugilistas inválidos.
Sozinha e saudosa, ela pediu que ele tomasse um avião, em vez de um navio que demoraria uma semana. Marcel argumentou...ela insistiu...
Esta foi a última vez que se falaram.
O avião, um Constellation, caiu nos Açores.

Edith recebeu a notícia poucas horas antes de uma apresentação, no Versailles.
Subindo ao palco, ela calou os aplausos com um gesto e repetiu para a platéia o que já dissera aos amigos: "Hoje à noite, canto para Marcel Cerdan, em sua memória, unicamente para ele".


Ao final da quinta música, Piaf desmaiou.
Os jornais do dia seguinte trouxeram de volta a dor da realidade: "Eu o matei", repetia ela...
Edith Piaf não pôde comparecer nem no dia seguinte, nem nos três dias posteriores ao palco do Versailles. Piaf nunca se recuperou dessa perda. Cerdan foi seu grande amor...
No que lhe restou de vida, Edith adotou atitudes intempestivas, por vezes radicais, que revelavam o turbilhão que lhe ia na alma.
Aos 48 anos, calou-se a cotovia da França, alguém que viveu sua vida com base na máxima "Non, je ne regrette rien"... Não me arrependo de nada...!

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Será que ela de fato não se arrependeu? Será que, como o jabuti que queria ser tartaruga, do Miguel Falabella, ela descobriu que não tinha saída?

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Vou sair pra tomar chuva, ponderar e esfriar a cabeça. O pagamento não saiu.
Sei que nós 5 somos mais fortes que eu sozinha. Mas é foda saber de cada história, de cada probblema, de cada perrengue de cada um deles... Mas a gente vai recuperar tudo no São João (eu espero!)!!!

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Ainda faltam 22 dias para o fim do meu inferno astral.

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