quarta-feira, maio 22, 2002

Sono. Muito sono.
Eu nunca mais tinha experimentado uma noite inteira em claro. O coração batia contra o colchão, e eu ouvi cada batida. Foi difícil.

*******

Depois do grande evento agregatício da noite de ontem, rumamos Samuel, Márcio Telmo e eu pro Labirinto do Minotauro. Quer dizer, Shopping Iguatemi. Do início? Reunião? Vamos lá...

Consegui marcar uma reunião com todos os músicos e GR ontem. Foram todos e no horário. E eu achando que milagres não aconteciam mais.

(Ouvindo Chopin. Noturno, Opus 15 em fá maior. Escondam as lâminas!!!)

Foi uma repetição da conversa no show de sexta. Um discurso lindo, pouca ação, nada de dinheiro. Terminada a reunião, cada um pro seu lado.
Como conseqüência de uma conjunção planetária que só acontece de 15 em 15 anos, peguei uma carona com os meninos até o Iguatemi e acabamos no Nacif. Duas cocas e um chopp na mesa. Confidências. Lendas. Cumplicidade. Um kibe. Acho q saímos mais fortes como amigos. Gosto daqueles caras.
Fui dormir na casa do Emerson, amigo há mais de dez anos, a essência da praticidade masculina. O mundo está caindo, e depois de me ouvir falar meia hora sobre angústias, problemas, inquietações e limites emocionais, ele só me diz: " Relaxa! Potência não quebra. Potência no máximo trinca".
Emerson mora com um amigo gatinho, o Jones. Ele foi quem me recebeu, e — engraçado como são as coisas — foi quem me deu o que eu mais precisava ontem: carinho, atenção, cuidado, preocupação. Ouviu tudo, sentou no chão comigo, opinou, confortou. Homem do caralho, aquele... Emerson chegou com mais problemas do que eu, descarregou tudo, tomou banho e enfim conseguimos, nós três, manter um diálogo civilizado.
Tomei um banho frio, daquele que tem mais cara de pajelança do que de banho mesmo ("Saí, espírito ruim, saiam, maus fluidos, deixe entrar as energias de Tupã!"), estiquei na cama, esperei aquela entidade Lady Zu terminar seu número, Bel Kutner, que está cada mais Dina Sfat, fazer a propaganda do seu espetáculo, para enfim receber o psiquiatra com nome de sacanagem (Olavo Pinto).
Seu Pinto ia explicar os Transtornos da Bipolaridade, ou Psicose Maníaco-Depressiva. Ou simplesmente eu.
Eu não sei pq ainda conto com o bom senso do Jô Soares. Eles falaram de tudo, menos de PMD. O máximo que consegui ordenhar da entrevista foi que o portador de Transtorno da Bipolaridade passa da depressão para a atividade intensa. Eu, todinha. E que são necessários mais de seis meses para caracterizar uma patologia. Eu só constatei o que já era um fato: sou PMD patológica.

*******

Bom, seis e meia da matina, sem dormir por um segundo, peguei um ônibus que levou uma hora pra chegar em casa. Jones ainda me levou um comprimido de Valeriana na cama, disse que era pra eu ficar bem, me deu um abraço e foi trabalhar. Homem do caralho, aquele...

*******

Quartas-feiras são dias em que me sinto forte. Dia da minha orixá, dia de exibir o vermelho na roupa e na alma, de sacudir o punhal em direção dos céus e evocar as tempestades, domar os raios. Dia de mostrar uma outra faceta da Daniela. Que venham os touros, o Boi Namorador e o Cavalo Preto Doido...

*******

Conheço meus inimigos, conheço suas armas, sei (?) como me defender. Estou meio Jorge da Capadócia, meio Yansã hoje. Descobri quem vai ser minha fonte de problemas, que a mulher que vai me dar dor de cabeça não é quem eu estava pensando. E descobri que não sei se tenho vontde, estrutura, amor suficiente para lidar com uma situação que envolve drogas, traição, amores clandestinos, forças.

Ei, isso pode ser o enredo de uma novela!!!

*******

Passei a ver o "Plano B" de outra maneira. Como homem. Como o homem admirável que é. Verena, a culpa é sua.

*******

Faltam 24 dias.

Nenhum comentário: