segunda-feira, abril 12, 2004

Serendipities

Eu abri o blog dele, e reencontrei todo o nosso passado exposto na mesma página. Parte dos nossos anos em comum estava ali, e eu já não me encontrava nele há muito tempo.

Abri o meu blog do mesmo período, e fui passando os meses e os fatos na velocidade que às vezes as coisas deveriam Ter. A vida devia vir com barra de rolagem, e a gente empurra pra frente e pra trás ao bel prazer. Ou deixa lá paradinho, saboreando a mesma coisa, lendo o mesmo texto, vivendo as mesmas coisas até encher o saco e procurar mais o que fazer.

E me achei nas palavras dele. Achei isso aqui, achei mais um monte de Danielinhas que eu nem me lembrava. Algumas das Danielinhas foram encontradas por ele, assim como algumas das verdades dele quem descobriu fui eu, quem viu primeiro fui.

Anos de encontros e tapas e encontros de novo e similaridades e coincidências e irmandade e geminianismos e risos e beijos e tatuagens e dias perfeitos e outros nem tanto e história partilhadas e horóscopos postados e nós e eles e ele e ele e ele.

Achei toda a minha dor nas palavras dele. Encontrei pedaços desconexos de mim mesma em cada letra grafada, em cada corte dele que sangrou. Achei meu sangue em algumas das linhas que ele escreveu, e passar por cima de uma ou outra dor dele foi quase como passar por cima das minhas próprias.

Somos iguais, ele adivinha as minhas reações, temos um vasto repertório de piadinhas internas, de respostas inocentes que redundam em estrepitosas gargalhadas. Só consigo ler alguma coisa nos olhos dele. Só ele consegue ler os meus. Ele me conhece como eu mesma não consigo me conhecer. Ele enxerga através de mim, ele conhece cada suspiro.

E ele nem ia com a minha cara. E eu passei a noite inteira conversando animadamente com a namorada que ele tinha, que é uma menina fofa. E ele me jogou na mesma vala que jogou uma amiga minha: duas porcarias. E eu nem sabia que ele existia, tão interessada estava num Presidente de Clube de Gamão Online (verdades ditas muitos anos depois, meu amigo lindo, dos lindos olhos...)

E quem ia adivinhar que nos transformaríamos em iniódimos, monstros que dividem a mesma nuca, quiçá o mesmo cérebro? Minha retranca, meu igual. Meu oposto complementar. Complementar.


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