terça-feira, abril 20, 2004

Vamos chamá-lo de Quil. Chato. Carente. Pegajoso. Metido a engraçadinho. Acha que é diretor de fotografia. Nem assistente de câmera conseguiu ser. Trabalhou comigo. Pelego.

Noite nesse bar não é completa sem ele. Na mesa da gente. Eu, saltando de uma mesa pra outra, dei pouca ou nenhuma atenção a ele. Mas enquanto eu estava lá...

— Puts, Zeba, minha cabeça vai explodir! Dói muito!
— Relaxa, Dani, que cabeça não explode assim...


Aí vem o Quil:

— Eu vou até sair antes que voe linha de raciocínio pra todo lado.

Nunca dei um sorriso tão cândido:

— Você podia aproveitar e pegar algumas linhas de raciocínio pra você...

Porque não se brinca com uma gêmeos com ascendente em escorpião...

********

Aí perde-se o respeito de vez...

O mesmo Quil:

— O desenho da minha tatuagem está quase pronto. É um dragão medieval...

Eu e o Zeba, ao mesmo tempo:

— O que faz um dragão ser medieval?

Ele se enrolou.

— Ah, as linhas... as linhas... porque você sabe, né, aquele dragão oriental é todo cheio de frescura... Porque seriam as linhas... um dragão do renascentismo...

POR QUE, JESUS? Por que na minha frente e na do Zeba? Entre gargalhadas:

— Quil, ou um dragão medieval ou um dragão renascentista! E um dragão renascentista seria rechonchudo, com as escamas encaracoladas, pele rosadinha e a bundinha redondinha, exposta?

A conta veio nesse minuto. Salvo, salvo pelo gongo.

********

Noite que começa com um jantar na casa daquela mocinha linda que eu amo, e que termina na mesa do Fabinho, conversando sobre música, passado e muitas, muitas outras coisas. Essa noite tem como terminar errada?

Ainda hoje falei do Fabinho pra Mon, falei do quanto eu estava com saudades, o qaunto gostava dele, o quanto nos divertimos juntos nas viagens intermináveis. Fabinho é da velha guarda, um cavalheiro, um homem que tem sempre um elogio sincero pra dizer, um sorriso abrasador acompanhado de um abraço.

Foi a primeira pessoa que vi no bar, mas não seria difícil também: bar vazio, só pra terminar a noite do aniversário da Mon com chave de ouro. Ele e o irmão tão-bonito-quanto, com o sorriso e a morenice do Erik Estrada. Ai, Deus, Erik Estrada é o meu fraco...

Com o perdão dos meus acólitos, praticamente mudei de mesa, de assunto, de afetos. Sentei do lado do meu xodó, mudei de Skol para Bohemia, de Zeba para Fábio. É, aliás, uma família deliciosa: a irmã desse menino é uma criatura de luz. Luz pura, daquelas que limpam o lugar por onde passam. A mãe desses seres é o molde mais correto que poderia haver (Reinaldo, a culpa é sua!!).

Fábio é meu dupla de conversas nas viagens intermináveis, é fã de literatura, e vai fazer no próximo mês a mesma tatuagem que eu: o Calvin. E olha que há meses não nos falávamos, não nos víamos. Sincronicidade...

Esse encontro "shuffle" apagou o episódio que me causou irritação extrema. É uma lufada fresca no meu porão de morcegos. É muito carinho, é muita inteligência, é muita doçura para ficar amargando esse ou aquele revés. Estou novinha em folha, pronta para o dragão (renascentista!!) que virá com o sol de amanhã.

********

E a partir de hoje, passo a funcionar sob a égide da Teoria Zeba: restam 15 dias apenas.

Nenhum comentário: