quarta-feira, dezembro 26, 2007

Empréstimo de família

Eles não têm idéia do que significou para mim ser engolfada naquela bolha morna e confortável chamada família.

A minha família é modelo econômico. Aqui em Salvador — e a vida inteira, em todas os lugares onde moramos — somos só o núcleo e periféricos. Papai, mamãe, minha irmã, minha filha e eu. Somente. Não cresci perto da família, não nos frequentávamos, e a pouca proximidade que tenho com alguns dos meus primos e tios vem mais da afinidade do que dos laços de sangue.

Ontem eu vivi de empréstimo a família dela. Ontem tinham primos, tios, risadas no mesmo tom, uma profusão de rostos parecidos, de afinidades sanguíneas. Tinha a atmosfera festiva dos que se encontram porque se amam, dos que se cuidam e zelam por aquela insituição amorosa.

E lentamente fui agregada às risadas, às brincadeiras que só as famílias fazem entre si. E por um dia, um dia só, eu me permiti ter um dia de família, como a minha nunca proporcionou. Não me lembro de, nos últimos vinte anos, eu diria, ter passado um dia inteiro com a minha família. Foi bacana ter primos, tios, priminhos dando mergulho-bomba na piscina, piadas e músicas.

Saí de lá com a lua no alto, já sentindo saudade, já sentindo falta.

o.O

Saí de lá para um turbilhão emocional, e thanks, God, ela estava do meu lado. Não fosse ela e sua lucidez, e sua calma, sua presença, ah, se não fosse ela, eu teria desabado. Não fosse ela para me levar para jantar com eles, eu teria tomado um banho pelando, colocado um pijama, e ficado coberta dos pés à cabeça, para esquentar a alma que o corpo não aquecia.

No final das contas, acho que lidei muito bem com a situação no seu desenrolar, mas sou uma farsa — como diria aquele querido, sobre ele mesmo, numa outra situação, "sou uma p*tinha mesmo". O corpo acusou mais esse golpe, e em pleno verão baiano, dei comigo naquele restaurante lindo — de serviço péssimo e preços mais salgados que a comida — de casaquinho vermelho sobre meus shorts de Lara Croft.

Frio, frio mesmo, de bater os dentes, e não conseguia dizer ao termostato que aqui fora devia estar uns 25 graus. Lá dentro estava glacial.

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Auto-flagelo

Só para me flagelar, procurei aquela música na letra B. Cliquei. Quando ouvi a introdução, meu coração se rasgou em dois pedaços. Passei os dez primeiros segundos da música de olhos fechados.

Hoje doeu. Mas vai parar de doer. Para o bem ou para o mal, eu vou fazer parar de doer.

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E enfim, sinto-me melhor. Ainda sem respostas sobre os FDP dos gringos — prevejo mais um monte de DDIs nesta ensolarada manhã —, mas fazendo planos para os próximos meses, contas e projetos. Rio 2008, se nada mais me prender aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

VC já faz parte da família.....para sempre!!!!!
te amo
k.