segunda-feira, dezembro 03, 2007

Hoje não há contagem.

Nós, essa estranha gente de audivisual, somos um clã. Como vivemos com o emocional no limite, as relações de trabalho sempre se transformam em algo mais. Grandes amores se constroem no set, ódios estrodosos nascem numa pré-produção — e como os amores, nunca acabam —, relações que vão para o resto da vida são também o produto final de uma filmagem.

Hoje somos todos menos um. Nós, do feudo de cinema e vídeo, perdemos um dos melhores colegas num acidente bobo, sem culpados outros que não a própria hora de morrer. Romenildo era eletricista, e aturava essa corja de pilantras que somos nós, diretores, produtores, assistentes, com uma paciência enorme, uma dignidade maior, uma eterna boa-vontade que o fazia tão notável e querido.

Dói mais porque somos todos de uma família muito pequena de bons e maus profissionais, de um mercado de trabalho restritíssimo. Todo mundo se conhece, conhece os podres alheios — e também o bom caráter de outros, como era o caso dele.

O acidente foi idiota. Ele caiu do alto da laje da casa, enquanto lavava o tanque d'água. Eu bem disse: não há outro culpado que não o último grão de areia da ampulheta, aquele mesmo que insistiu em cair.

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Tudo se desembaraçando na minha produção. Tudo correndo bem por lá.

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