terça-feira, abril 08, 2003

Desde dez horas tentando falar com ela. Telefone ocupado. Bullshit!

Quase onze, e consigo.

E ela estava chorando. Minha amiga querida, anjinho de penas multicores, oásis de paciência. Como me dói ver essas pessoas a quem eu tanto amo chorando.

— O que houve?
— Nada, só fiquei meio triste.


87 minutos no telefone. Ela parou de chorar, rimos, aconteceram aqueles fenômenos extra-sensoriais que só acontecem quando duas pessoas especiais se conectam.

Campainha lá. Não era ninguém. Telefone aqui, logo em seguida. Ninguém. Telefone aqui de novo.

— Eu queria falar com uma pessoa cujo nome é o mesmo do homem a quem você mais amou.
— Acho que foi engano, senhor. Não há ninguém com esse nome aqui. Não, nem no meu coração. Passar bem.


Ela na outra linha, rindo do absurdo da situação. Trinta mil nomes no mundo, ele tem que me ligar procurando por aquele outro?

Absurdos, mas as bruxas se atraem. Minha porção mágica fica solta quando estou com ela. A minha bruxinha, que dorme há tanto tempo, fica doida pra acordar, sacudir a varinha de marmelo pelos ares, recortando figuras mágicas contra o céu. Não, minha querida, ainda não é hora de voltar. Espere mais um pouco, espere que eu decida qual das trilhas vou seguir.

Desligamos, fui pro banho, uma hora inteira no chuveiro. Lavando a alma, misturando lágrimas e chuva, me despojando das lembranças que aquele telefonema por engano me trouxe. Droga. A história que eu queria contar não era tão triste.

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É menino o neto da minha amiga sem-noção! Eu te disse, não disse? Eu te disse, eu te disse!

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Rinite alérgica no mais evoluído estágio de mutação. Não sou um ser humano: sou um laboratório de pesquisas nasais.

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