terça-feira, abril 22, 2003

Roteiro Mexicano, capítulo 233

Ele veio noite passada.

— Você levou a sério mesmo, né? Está me tirando da sua vida...
— Meu amor, não posso viver em prol da sua felicidade, esperando que um dia você convença o seu corpo acordado que me ama. Estou bonita, meu espírito está bem tratado, estou feliz. A troco de quê vou ficar remoendo o seu amor?
— Temos fingido muito bem essa felicidade. Mas só nós sabemos o quanto as noites têm sido custosas sem o calor dos braços um do outro.
— Sabe que tem dias que eu nem me lembro de você?


Uma gargalhada estrepitosa quase sacode minha cama. E não era a minha gargalhada...

— Mentirosa! Não passou um dia sequer que você não tenha perguntado a si mesma, às estrelas, ao tarot, ao Cosmo, que raios você vai fazer comigo...
— Então você voltou durante esse tempo?
— Eu já te disse que é difícil sem você... Voltei.
— Aprenda a viver sem mim, pois! Eu te amo, mas "sim, eu estou tão cansada, mas não pra dizer que eu tô indo embora..."
— Bom filme...
— Odeio quando você é cínico...
— Odeio quando você assume o meu papel e resolve dar um basta...
— Terminar ou voltar é escolha sua?
— Vou embora. Mas dessa vez eu prometo que volto.
— Espera! Seu Jorge disse que você "me ama porra nenhuma"...
— Seu coração acredita nisso?
— Uh... Não?
— Ainda é uma sábia... Eu te amo. E você sabe disso.


Virei pro lado, esbocei um sorriso, dormi. Não posso evitar esse pulha: é a minha natureza...

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"Zero Effect" deixou marcas...

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Telephone still mute. I´m still unemployed...

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"Se desejo fosse cavalo, mendigo faria equitação." - Fee O'Cleary, Pássaros Feridos

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