sexta-feira, abril 04, 2003

Terminei de escrever, copydesk.

Só então dei o enter. Não no texto: na vida. Só então consegui chorar. Só então deixei vir a indignação. Só então deixei vir a dor, as lembranças, a saudade.

Só assim vai passar. Só vindo tudo. Lágrimas com cor de ferrugem, como água parada em encanamento há muito desativado. Lágrimas que vieram queimando, como ácido de bateria. Lágrimas que vieram cavando sulcos pelo meu rosto, marcando de negro a pele pálida, escurecendo ainda mais as pronunciadas olheiras. A tradicional dor no braço esquerdo, meu maior indicador de aborrecimento. Não, não é coração. O que provoca a dor é uma compressão na cervical.

Sim, de certa forma, é coração. De certa forma, é o coração que faz doer o braço, é o coração bobo que ainda não se acostumou com as idas e vindas das pessoas.

Mas só assim vai passar. Só assim está passando. Só sentindo tudo, sem cercas eletrificadas que fritem as emoções que tentam extrapolar o limite que impus. Dessa vez não há limite.

Por isso que está doendo menos.

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