quarta-feira, abril 30, 2003

Assistindo Jackass. Daqui a pouquinho tem post novo!
Aguarde...
Vontade de realizar. De presentear.

**Almoço**

Passou. Volto a ser industrial na minha generosidade: 1 colher de sopa para 400 litros de água...
400, viu, Toryn, porque apenas 4 litros é generosidade concentrada.

Post da madrugada de 30 de abril.


CENSURADO


Porque eu conto se eu quiser!

terça-feira, abril 29, 2003

Eu queria entender porque todo mundo consegue adicionar um sistema de cometários num blog, menos eu.

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Dez horas de trabalho seguidos para terminar o texto final do curso para uma amiga sem-noção. E ela ainda fez a caridade cristã de separar alguns trechos e colorir as letrinhas em fúcsia. FÚCSIA! Você entende o que são 72 páginas cobertas com as irritantes letrinhas fúcsia?

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Lálálálálá, vou passar a quinta-feira na Costa do Sauípe...

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Johnny Knoxville é o homem com quem me casaria fácil. Mas aquele Chris Pontius...

E a confissão é: eu ADORARIA fazer um Jackass! Pô, os caras realizam todos os nossos sonhos de infância, riem barbaridades com o próprio desempenho, se divertem à milhão e AINDA GANHAM POR ISSO!

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Depois de umas boas horas conversando com uma vovozinha sobre a Maysa Matarazzo, me resolvi por preparar um CD com músicas dela pra essa soteropaulistana como eu.

Se eu não estivese com o espírito tão elevado, já tinha serrado os pulsos. Maysa cantando "Meu mundo caiu" não é coisa pra qualquer estômago, não! "Ne me quitte pas" é clássica, voz embargada pelo choro, um francês impecável, arranca lágrimas até de águia de pelúcia.

Está no fim. Depois vou fazer uma desintoxicação com Midtown, Pennywise...

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Indo de novo para a redenção da alma...

Rinite galopante. Será qyue eu sobrevivo até o final do inverno?

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Alguém que ainda leia este trem aqui: você ia se chatear se eu mudasse o endereço do blog? Ando meio de saco cheio de tudo...
Se eu fizer, juro: aviso 5 dias antes, faço contagem regressiva, deixo um link aqui... Pode ser?

Protestos, sugestões aqui.

O desprezo há de me matar...

segunda-feira, abril 28, 2003

Coisas que aprendi hoje:

.Se eu não doutrinar esse perturbado questionador que veio de fábrica, vou ser expulsa do curso de desenvolvimento mediúnico. Mas, caramba, quem tem dogma é a igreja! O kardecismo deve ser questionado!

.Os instrutores do curso têm egos três vezes maiores que eles. Um até dá, dois é diversão certa! E a lição é: Daniela, você não pode deixar o seu pior lado, o esnobe cultural, vir à tona. Senão vai ser uma tripla guerra de egos naquele cubículo.

.Houve piores que Hitler. Bom, isso eu já sabia. eu só não precisava esfregar Gêngis Khan na cara de ninguém...

.A Igreja caotólica --->eu vou deixar assim: Freud é meu pastor!<--- se relaciona com os seus templos de maneira diferente do relacionamento dos espíritas. Elementar, meu caro Watson: a Igreja Católica tem uma tradição de, por baixo, mil e setecentos anos. Nos primeiros dois séculos, tenho certeza de que os seus templos eram muito mais móveis que atualmente. Mas aí já vira uma discussão econômica, não teológica.

.Deus tem um tremendo software de gerenciamento de RH. Ele gere o mundo como uma empresa. "Deus Inc.", e ele bem conhece meu estilo jocoso.

.Hoje me descobri realmente capaz de amar.

. Os dois instrutores ainda não concluíram se espiritismo é religião. Um votou contra. O outro a favor. Isso ainda vai dar em samba.

.Sou chata para caramba!

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Ele pediu o meu telefone. Ignorei. Fiz de besta. Disse que estava no telefone.

Parabéns, idiota! É assim mesmo que se desenvolvem os relacionamentos...

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Trabalhar um pouquinho é até bom, né? Estou voltando para as infâmes letrinhas fúcsia... A noite vai ser uma diversão...

Velha infante

Minha Bibia, do alto dos seus quatro anos e 16 dias, começa a conversar assim:

— Quando eu era pequena...

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A mãe dela tem problemas...

Eu — Eu gosto pra caramba dele. Inteligente, simpático, sabe rir, cozinha...
Ela — Ele é bonito?
Eu — Não. Que seja muito feliz, porque belo ele definitivamente não é. Mas olha que engraçado: o conjunto não é bonito, mas cada parte isolada é linda!
ElaVOCÊ JÁ VIU?
Eu — Sua maníaca sexual!! As partes isoladas são olhos, boca, nariz!

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Sorriso sacana: alguém percebeu que eu NÃO respondi à pergunta dela?

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Hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou...

Yeah, baby, meu prazo estourou. Tenho que começar a arrumar a casa, e hoje é o primeiro passo.

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Computador de volta é tão bom... Por mais que os técnicos tenham copiados VÁRIOS arquivos meus. Nada de própria autoria, mas de toda sorte, pessoal, porque estavam na minha pasta, no meu computador.

domingo, abril 27, 2003

Trabalho, diversão, paquerinha, mais trabalho, troca de informações, estudo de idioma.

Sim, trabalhar enquanto se conversa sobre música brasileira com um quiropraxista de Detroit pode ser divertido. Gente, mais uma profissão atípica? Quem aí conhece um quiropraxista, levanta a mão! Alguém? Alguém?

Bonito como um pecado, longe que nem o dia do Juízo Final. Juízo... artigo em falta na minha botica, que muito facilitaria a arte de sair de casa e interagir com seres humanos de verdade. Sim, eu acho que ele é de verdade, mas é uma verdade diferente. Um punhado de letras sem acento, y, w, k usados sem censura, uma fotografia mal tirada que o faz mais humano.

Jeffery... He was "wachting the waves", e fico imaginando que ondas ele só veria se olhasse para a esteira de espuma de um barco no Lago Michigan. Tudo bem, eu não estava vendo nada demais também. E vocês sabiam que a capital de Michigan não é Detroit; que é, sim, a Capital Mundial da Ford? Uau, que útil...

Não vou depreciar o meu primeiro movimento dentro desse tabuleiro enorme. Sim, eu adorei conversar com o Jeff, adorei falar sobre música brasileira, adorei traduzir "Velha Infância" para ele. E ele adorou. Adorei começar a aprender a sentir em inglês, tarefa na qual vinha falhando até na língua pátria.

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Essa mesa de computador nunca foi minha. É da mamãe. Jamais a escolheira: gosto de coisas mais cinzentas, mais etéreas; mamãe gosta de madeiras escuras, que dêem a sensação de segurança e estabilidade. O computador nunca foi meu. quer dizer: a prioridade é sempre dela. Esse no qual batuco agora é o que fica no meu quarto. Valente, esse menino. O primeiro computador da casa, resiste brava e heroicamente por mais de seis anos. A protomáquina só volta amanhã. Essa sim é oficialmente da mamãe.

Mamãe está viajando. Turismo em Goiânia, cidade para onde estive à beira de ir morar: meu ex-diretor preferido havia sido transferido para lá. Do início de abril até agora, quem mais usou a máquina fui eu. O Crivo Generoso, copydesk de um texto enorme, trabalhos com imagens, pura vadiagem cibernética. Dia após dia, semana após semana, fui imprimindo uma nova cara à estação de trabalho.

Hoje lancei um olhar alheio, de quem vê aquela balbúrdia pela primeira vez. Achei mais de mim sobre a mesa do que dentro de mim mesma. Os objetos me denunciam mais que os meus próprios olhos no espelho.

Um par de óculos com lentes verdes, de soldador, que uso com o ar mais blasé do mundo como óculos escuros. "Mundo, olhe pra mim!". Ao lado, meu frasco de Prozac. "Mundo, olhe pra mim mas não me condene!". Mais abaixo, meu maço de Hollywood mentolado. "Bom, mundo, pode me julgar. Tenho as minhas muletas branquinhas e refrescante para me apoiar."

Um em cada extremo, óculos de grau e caixa das lentes de contato. 10 de miopia no olho direito, nove no esquerdo. "Mundo, te enxergar é tão custoso...". No meio, as letrinhas do teclado, meu elo de ligação com a vida. Nas cercanias, bloco com número de IP de máquina, email de um amigo de Berlim, dois cinzeiros repletos de guimbas de cigarros, meu case de 24 CDs, que normalmente transporta 30. Uma caneta sem tampa dos Animaniacs, paixão de adulta, mesmo; um dicionário inglês-português e vice-versa, um lenço de papel para acudir a rinite.

Dois copos, um de 500 e outro de 600 ml. Vazios. Receptáculos do ar. Longe do cumprimento das suas funções. Estagnados, imóveis, sem fazer diferença na construção de textos, na composição da sala, na vida de ninguém. Apenas ocupando um espaço. Um espaço grande. Não sentem, não sofrem, as suas lágrimas-água já foram bebidas, estão secos. Por dentro e por fora. Como eu. "Mundo, estamos tão inúteis...".

sábado, abril 26, 2003

Dias que parecem cópias mimeografadas de uma matriz mal feita. Repetição, repetição, repetição, e admito: a culpa é minha.

Depois de semanas, fui ESPONTANEAMENTE até a garagem para um sol de cinco minutos, enquanto jogava a amada bola para a nem tão amada daschund. Há tempos vinha prometendo que a levaria para algo maior que a nesga de sol que ela persegue todos os dias.

Chata ela, com sua trimestral gravidez psicológica; chata eu, com meu (mau) humor de picles. Hoje nos rendemos. Nos deixamos vestir pelo calor do cobertor amarelo de sol; a pele formigava embaixo daqueles cristaizinhos dourados de luz.

— Nana, cachorro bom, dá a bolinha! — e ela voltou a ser a minha tão amada Naninha, que destrói bolas de tênis porque tem certeza de que o pai não a deixará desprovida do que ela ama e precisa. Por que é que eu não aprendo essas lições tão simples?

— Pode usar, Daniela, usa sem parcimônia porque você SABE que o Pai nunca vai te deixar sem.

Não, não sei. Estou sem muitas coisas das quais não poderia prescindir. Amor, por exemplo. Um bom namorado, esperança de dias melhores, conhecimento e oportunidade. Estou desprovida de sentimentos que movem pra frente; seja raiva, seja paixão. Não sinto, não vivo, não amo, não odeio, não nada. Sou um vaso que deveria estar cheio de mim mesma, mas está vazio de essência. Da Daniela sobrou a casca, e se soprar com um pouco mais de força, ela se desfaz. Não há viço, nem cor, nem flor. Há uma menina verdadeiramente Flicts, na cor e no coração. Cor de lagartixa abissal, que hoje resolveu pular por cima das fobias e proporcionar ao cachorro marrom a prometida tarde de sol.

E ela adorou. Melhorou seu humor, diminuiu as suas neuroses maternais, gastou suas unhas no piso áspero. Ela correu, perseguiu a bolinha de tênis, devolveu para que eu a jogasse de novo, correu mais... Esse pode ser o segredo de tudo: alguém a quem a gente ame muito, uma bola de tênis na boca, um dia de sol. Quente por dentro, quente por fora.

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Onde está a velha força que me movia? Que me empurrou para dentro de um avião sob a égide da incerteza? Que me fez aceitar um convite para mudar de cidade, de emprego, de vida, de status, de amor, em menos de 12 horas? Que me empurrou 400 km para cima da latitude 23 S, sem lenço (tinha a águia para secar as minhas lágrimas que não caíram), alguns documento, sem planos e sem dinheiro?

Nada. Não sinto nada. Nem raiva, nem amor, tampouco paixão, ou entusiasmo, ou medo, ou esperança. Nada. Vazia. Oca.

"Onde foi exatamente em que larguei naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?"

Inverno, Calcanhoto

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Top Five: Lembranças da infância

1. Passear domingo na praça da República. Era um mundo verde, com patinhos, bolhas de sabão e quadros. Antes tivesse conservado essa recordação de floresta tropical. É pequena a minha praça, os patos não mais nadam por ali: foram substituídos por tartarugas que ficam mimetisadas nas pedras.

2. Lavar o quintal da frente de tanga. E escorregar no sabão, e deixar a espuma entrar nos olhos, e rir, gorgolejar com água, perseguir a irmã quase bebê com a mangueira, idem o cachorro, idem o papai.

3. Bianca no meu colo na excursão da escolinha. Eu, pouco mais de quatro anos. Ela, um ano e meio, cabelos pretos, olhos azuis. A boneca que eu sempre quis. Só calou o choro quando veio para o meu colo, passou os bracinhos pelo meu pescoço e me encarou com ares de adoração. Minha primeira experiência materna...

4. Meu dia de levar a surpresa. Ritual idiota, cada um tinha o seu dia para levar algo de casa, e os colegas tinham que adivinhar o que era. Ansiado dia em que teria meus 15 minutos de fama. Levei meu urso branco, substituto à altura do tragicamente perdido panda. Mamãe é que não entendeu o espírito da coisa: me deu o urso numa sacola transparente. Ah, por que eu não me queixei? Eu tinha dois anos, não atinava nada. Hoje eu sou Gabriela, Gabriela, ê, meus camaradas... Desculpa, foi mais forte que eu.

5. Esperar o Erik Estrada. Sim, todas as noites eu esperava que o Erik Estrada, dos CHIP's, fosse até o meu quarto, quebrando a parede da minha cama, me pegasse no colo e me levasse pra longe. Não, não tinha mais de 3 anos.

Como destruir um provável romance

— Quer apostar?

Ai, minha Nossa Senhora das Produtoras, porque ele não podia ter uma profissão convencional? Dentista, por exemplo: eu nunca ia discutir de xilocaína, amálgama, nuva fill e outros bichos. Não entendo, vou meter o bedelho?

Mas despachante aduaneiro?

Aparte: eu estudo navios, mercantes menos, militares mais, há dez anos. OK, OK, nem toda menina tem isso na pauta do dia, nem sou nenhuma expert, mas eu acho que fui incisiva demais...

Tarde de trabalho, seleção de cenas com a minha amiga sem-noção.

— Vamos tomar uma?

Demoramos! Carangueijo do Sergipe, porque ver gente é fundamental. Jeans, camisetinha, sandálias, mochila nas costas, eu e Wally irmãos, só me faltava o cajado.

Cerveja um. Sondagem no ambiente, olhos curiosos, mais curiosos que famintos. Faço contato visual com ele. Cerveja dois. O papo está bom com a minha amiga, equipes de TV, camaradagem entre técnicos e produção. O contato visual persiste.

— Com licença, se a senhorita não se importar de receber...

Sim, garçom, pode deixar o torpedinho. TORPEDINHO? Acho que NUNCA recebi um torpedo em mesa de bar. Ah, agora ele pode ser irmão gêmeo do Corcunda de Notre Dame: me ganhou! O bilhete é fofo. Respondo pelo mesmo garçom. Ele pede meu telefone, manda o dele. Dou o meu email. "Celular fora de serviço", e leia-se a conta não foi paga.

Cerveja três. Saideira, e ele lá, a três metros, pede pra eu soltar o cabelo. "Seja feita a vossa vontade". Garçom, a conta, e a sem-noção levanta para passar o cartão. Era a deixa. Senta-se ele ao meu lado.

Papo aranha, cheio de mãos no meu joelho, aicomovocêébonitalegalsimpática!

— Você faz o quê?

Oh, não! Trabalha com navios?

— Navio com carga perecível faz cabotagem?
— Não existe navio com um único tipo de carga...
— Ah, não?! E o Ro-Ro, que só leva carro?


Breve silêncio. Ro-Ro, para os não-iniciados, é um mercante que não tem deck. Seu nome é roll in, roll out, e só transporta carros.

— Ro-Ro não leva só carro.
— Mas ele não tem deck!
— Quer apostar comigo?


Agora quem hesita sou eu. Por pouco tempo.

— Aposto.
— Você perdeu! A Grimaldi cansa de embarcar carros, com conteineres, com carga...
— Mas o Ro-Ro só leva carro. Não tem deck, como é que os conteineres vão embarcar?
— Mas a Grimaldi leva carga mista!
— Mas o Ro-Ro não!
— Uh.. é... o Ro-Ro não leva conteineres...
— GANHEI!


Cinco minutos depois me despedia, tomava o meu rumo. Ele ficou, e não tenho certeza de que está muito satisfeito porque uma pirralha de trancinhas e tatuagem de bichinho o desbancou no seu saber profissional... De toda sorte, ele só tem o meu email. Se não escrever, nem estava esperando...

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Top Five: Personagens do cinema com os quais me casaria fácil

1. Enzo Molinari (Jean Reno), de The Big Blue
2. Jacques Mayol (Jean-Marc Barr), do mesmo Imensidão Azul
3. Wolverine (Hugh Jackman), X-Men
4. Xander (Vin Diesel), Triple X
5. Empatados:
a. Sgt. Kyle Reese (Michael Biehn), Terminator
b. Tom Cody (Michael Paré), Streets of Fire

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Óbvio que é uma lista geminiana sujeita a alterações a partir do momento da postagem.

sexta-feira, abril 25, 2003

Ontem à noite descobri o que acredito ser o último ponto de dor referente ao acidente: uma regiãozinha chata da cabeça, no couro cabeludo. Nada de grave. As manchinhas rochas já se foram todas...

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Deus lê o meu blog!

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Top Five: Livros que eu teria orgulho de ter escrito

1. It, do Stephen King
2. Pássaros Feridos, de Colleen McCullough
3. Cem anos de solidão, do Garcia Marquez
4. Scarlett, da Alexandra Ripley
5. A Cadeira Vazia, Jeffrey Deaver

quinta-feira, abril 24, 2003

Ainda com roupa de sono. Todo dia ela faz tudo sempre igual.

A eterna vontade de dormir. Dormir o dia todo. Dormir a semana inteira. Dormir o resto da vida. A roupa de sono ainda não saiu do corpo, e quer porque quer voltar pro seu habitat natural: a cama. Os olhos se afogam em águas de bocejos, que nem de longe suprem a necessidade de deixar cair lágrimas sentidas rosto abaixo. Dois dias de vontade, mas eu não posso.

Eles precisam de mim. Eles precisam de mim forte, dona da situação, alma da festa. Sou uma espécie mutante, quase irritante aos olhos mais sensíveis: ombros largos, orelhão feito para escutar, braços longos que se estendem num abraço de quilômetros, abarcando o corpo querido através da linha do telefone.

Queria ser ouvida mais vezes. Mas eu não vivo, não produzo histórias para contar. Vivo, sim, através da vida das outras pessoas, personagens de livros e filmes, amigos, conhecidos. Junto meu conhecimento de almanaque e saio distribuindo em panfletos sujos, literatura de cordel a preço de nada. Planejo mudanças drásticas de vida, de faculdade, de cor de cabelo. Planejo, apenas. A dieta me afastou do feijão, fonte de vida dos rins, que por sua vez, são o centro dos desejos. Os meus rins não funcionam bem o suficiente para executar as mudanças. Falta feijão na minha vida. Sonho já tem demais.

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Para os não iniciados, a comparação entre dois extremos vem de um livro, "O Feijão e o Sonho", do Orígenes Lessa.

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A música que ouço não é minha: é do vizinho.
O humor estável não é o meu: é do Prozac.
O computador onde batuco as teclas não é meu: é da mamãe.
A vida que vivo não é minha. Aliás, nem vida é...

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Voltar a trabalhar.

quarta-feira, abril 23, 2003

É só comigo?

Essa porra de sistema de comentário está deixando todo mundo na mão ou a implicância é pessoal?

Mas pela quantidade de comentários que recebo, tem gente que deve estar pior...

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A questão agora não passa mais pela esfera do simples desejo. É físico, é quase patológico:

EU PRECISO DE BEIJOS!


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296,00 para GRU
745,00 para CGH

Aguardemos promoções até dia 15 ou 17... É mais barato ir para GRU e contratar o Gianecchini para dirigir pra mim até a República.

Ou o Johnny Knoxville...

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— Daniela, você está tãaaaaao fragmentada...

Não estou, não. Só não estou apaixonada por ninguém.

terça-feira, abril 22, 2003

Roteiro Mexicano, capítulo 233

Ele veio noite passada.

— Você levou a sério mesmo, né? Está me tirando da sua vida...
— Meu amor, não posso viver em prol da sua felicidade, esperando que um dia você convença o seu corpo acordado que me ama. Estou bonita, meu espírito está bem tratado, estou feliz. A troco de quê vou ficar remoendo o seu amor?
— Temos fingido muito bem essa felicidade. Mas só nós sabemos o quanto as noites têm sido custosas sem o calor dos braços um do outro.
— Sabe que tem dias que eu nem me lembro de você?


Uma gargalhada estrepitosa quase sacode minha cama. E não era a minha gargalhada...

— Mentirosa! Não passou um dia sequer que você não tenha perguntado a si mesma, às estrelas, ao tarot, ao Cosmo, que raios você vai fazer comigo...
— Então você voltou durante esse tempo?
— Eu já te disse que é difícil sem você... Voltei.
— Aprenda a viver sem mim, pois! Eu te amo, mas "sim, eu estou tão cansada, mas não pra dizer que eu tô indo embora..."
— Bom filme...
— Odeio quando você é cínico...
— Odeio quando você assume o meu papel e resolve dar um basta...
— Terminar ou voltar é escolha sua?
— Vou embora. Mas dessa vez eu prometo que volto.
— Espera! Seu Jorge disse que você "me ama porra nenhuma"...
— Seu coração acredita nisso?
— Uh... Não?
— Ainda é uma sábia... Eu te amo. E você sabe disso.


Virei pro lado, esbocei um sorriso, dormi. Não posso evitar esse pulha: é a minha natureza...

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"Zero Effect" deixou marcas...

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Telephone still mute. I´m still unemployed...

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"Se desejo fosse cavalo, mendigo faria equitação." - Fee O'Cleary, Pássaros Feridos

Vaya con Dios, Mauro!

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Esse é mais um dia em que a gente descobre o mundo meio sem sal...

Na boa...

Com essas olheiras escuras, essa gripe bizarra, essa pele uniformemente tingida de cor de lagartixa ("lagartixa da zona abissal, segundo o papai..."), as duas maiores tatuagens à mostra e a mochila nas costas, se eu conseguir esse emprego, vou achar que é milagre.

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Mas o que fazer quando o nosso curriculum impressiona a nós mesmos?
Modestamente falando, é claro...

Still crazy

Segundo prognóstico do homem a quem vou amar até o fim da vida, "nessa progressão, daqui a dez anos vão estar descendo discos voadores para chorar as mágoas e conversar conosco numa mesa de bar."

Certo, tinha meses que eu não via a minha Valentinna. Certo, nos vimos pela última vez no bistrô, que gerou um "recado de encruzilhada". Pois é. Minha Valentinna em Salvador, Acarajé da Dinha. Sentados todos, olho pro lado... e olha lá o seu Jorge, cigano da linha egípcia, velhinho, que me conhece de outros carnavais.

Passou a noite nos embebedando de sabedoria em espanhol, com seu sorriso de dente único — não quero ficar bonito, quero ficar simpático! — volta e meia dando uma lapada de verdade, artigo que dói e deixa marca.

— Ele te ama porra nenhuma! — e emenda uma gargalhada, como que mitigando a dor que sabe que causou. Mas não dói mais tanto, seu jorge. Passado tem que ficar onde está: lá atrás.

— Antes de montar a sua própria família, você tem que voltar para a sua de agora — e olhos se arregalam na mesa. Pois sim, pois sim, volto para a minha família, mas... família inclui avó, tio, primo? Não, né? Pai, mão, irmãs está bom?

E ele segue, ceifando ilusões vãs, colhendo sorrisos, prometendo soluções, cantarolando em espanhol, resmungando em francês, poetisando em português e ensinando numa língua universal.

Minha missão é ensinar; quem quer, aprende; quem não quer, se foda! — e não é que ele está certo?

Um erê me presenteia com um adesivo de coleta de lixo; um pedinte agradece pela nota de um real com uma saudação do candomblé; outro pedinte me pede em casamento.

Sou comprometida. Se não fosse, faria muito gosto em casar contigo.

E eu vou dizer que não?

— Você viu quem está atrás de você?

Seu Kadu!

— Garçom, a conta, por favor, porque tudo na vida tem um limite.

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— Fala, Paretto!

Deuses piedosos, duas pessoas neste mundo me chamam de Paretto: Lucas e Rick. Rick está em casa... LUCAS???

— Fui pra Suíça visitar um amigo, acabei convidado para tocar numa banda na Alemanha.

Antes que realmente viessem os discos voadores, pedimos a conta.

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E sabe o mais psycho? Não encontrei NINGUÉM da galera "Whatta hell?" na Dinha!

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Saudade.

Saudade de quem? Do Filho do Mar? Do TL do DEPEX? Do Fã dos Stones?

Não.

Saudade de mim quando apaixonada.

segunda-feira, abril 21, 2003

Não, não foi um feriado passado fora que me impediu de postar. Quer dizer... Não o meu!

Protomáquina com problemas de auto-estima. Será que é genético?

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Do you believe in life after chocolate?

Por causa da (eterna) dieta, subo na balança duas vezes ao dia. A primeira vez é sempre digna de um pastelão italiano.

Depois de escorrer da cama, ainda dormindo, vou tropeçando até a balança do banheiro. Míope, e os óculos não são muito bons, faço a primeira pesagem. Arregalo os olhos. Desço. Vejo se o ponteiro está no zero realmente, empurro um pouco pra trás, subo de novo. Desço. Subo apoiada na pia, e vou soltando até atingir o peso que considero adequado para aquele dia.

Agora sem as mãos.. e sem um dos pés também. Isso, fico num pé só. Já tentou fazer isso ao acordar, com os amortecedores biológicos todos dormindo ainda? Invariavelmente eu perco o equilíbrio, e fico rodando a mão no ar para não cair. Patético.

Na terceira tentativa, consigo sincronizar olhos na balança, um pé vagando e equilibrio. Ufa, atingi finalmente o peso-meta para aquela manhã. A dúvida é: como cheguei lá? Foi o não-jantar da noite anterior ou foram os exercícios matinais na balança?

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Por que esse relato estapafúrdio? Porque vou passar uma semana sem me pesar. Gnocchi com creme de leite, ovo da Páscoa, pão de queijo... Depression...

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Pronto, parei com as futilidades.

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Duocentésima octogésima sétima exibição de "The Big Blue". Descobri que realmente passei os últimos 12 anos produzindo clichês deste filme. Namorei um cara que é a cópia do irmão do Enzo (Jean Reno). Aliás, tive um affair com um cara que é o Jean Reno dublado.

Ainda tem os tênis Adidas que o Mayol usa, as posturas de lótus, os golfinhos... Iconizei o filme até onde pude, trouxe para a minha vida elementos, maneirismos e gostos com os quais tanto me identifiquei. E isso tendo assistido ao filme apenas uma vez, logo após o seu lançamento em vídeo(1990, 1991).

Perdoe-me os aficcionados por Pulp Fiction, High Fidelity, Natural Born to Killer: perto de "Le Grand Bleu", vocês podem ser considerados quase blockbusters...

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Saudade do Filho do Mar. Mas se para eu encontrá-lo é necessário que ele saia pra nadar, prefiro ficar até setemrbo sem pousar meus olhos nele. Que ressaca violenta a desse ano! Nem quero imaginar o meu peixinho enfrentando 4, 5 quilômetros de águas furiosas...

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Rinite. Vou ali pro sofá espirrar e volto.

quinta-feira, abril 17, 2003

Nota Suíte

A entrevista de emprego foi adiada. De nada adiantou a belíssima calça branca com preguinhas, a linda blusa vermelha de linha, e o ar de executiva enfadada.

Mas o curriculum ficou lindo. Até eu me contratava com tantas direções, produções e contratantes importantes. Só faltou incluir o roteiro para o VT de lançamento da Ford na Bahia.

Ah, depois que eu soube que a entrevista tinha sido adiada, minha espinha quase desapareceu. Para a nova data da entrevista, é esperada uma constelação de 32 espinhas king size.

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"Nightmermaid"

As águas de março chegaram em abril. Mar mexido, o cheiro salgado parece ter maior alcance. Nos encontra nos lugares mais inesperados, joga a isca da saudade evocada pela maresia, nos fisga pelo coração.

Misteriosamente velhas canções francesas passam a tocar baixinho, como que somente para os nossos ouvidos. E de fato o são. Só os meus ouvidos associam Jacques Brel ao amor que já se foi, Piaf e um beijo roubado num filme de guerra, Aznavour e uma noite de luz sépia, olhos castanhos e lágrimas translúcidas.

A volta desses interlúdios sempre dói. O último beijo no portão, "Se cuida", e logo depois do motor do carro silenciar curva acima, sobramos eu, o mar violento, a lua encoberta, o vento de sal.

Lua exibida, brigando com as nuvens para mostrar-se bela e inteira, mostrar-se para um mar mais interessado em cantar de encontro às pedras, canto de seduzir sereia. Lua que beija as águas, luz que faz brilhar os cristais de sal suspensos. Lua que rasga os céus, que enxota o negrume, que clareia a noite qual dia amanhecendo. Sol noturno que estimula confissões, amores, olhares e paixões. Prata que guia meus olhos por cima do mar, meu coração por cima da dor, minha alma por cima do amor.

Meu cansaço prevalece, e paro de ouvir água sobre pedra. Sereia longe de casa, na falta de coisa melhor, mergulho escadaria abaixo, para as profundezas do meu apartamento.

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Ouvindo/Vendo

Primeiro: Jackass, com o meu amor da semana, Johnny Knoxville, Episode 3, Season 3.
Agora: La vie en rose, Jaques Brel et Edith Piaf
A próxima: Corinthians do meu coração, com Toquinho. Sou do Galo Mineiro, mas o Toquinho cantando essa música vem da minha mais tenra infância...

quarta-feira, abril 16, 2003

Murphy's law

Você pode ter pele de comercial de leite de aveia Davene. No dia de uma entrevista de emprego, TENHA CERTEZA de que vai aparecer uma espinha categoria Godzilla.

Que nem essa que eu tenho no queixo...

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Dois bancários e uma jornalista

Pessoa A: — Depos do acidente, terminei de arrebentar a cervical.
Pessoa B: — Se quebrar a cervical fica paraplégico ou tetraplégico?
Pessoa C: — Fica tetraplégico. Fica paraplégico se quebrar mais embaixo.
Pessoa A: — Mais embaixo é a lombar, e acho que se quebrar feio a lombar, pode ficar tetraplégico também.
Pessoa C: — Não, não fica não, só perde da cintura pra baixo.
Pessoa B para Pessoa C: — Deixa eu quebrar a sua coluna pra ver?
Pessoa C: — Não, pô, amanhã eu trabalho!
Pessoa B: — Não tem problema... Sua agência é mais vazia que a minha...

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(falando lentamente, em tom de assombro)

EU
NÃO
SEI
FAZER
CURRICULUM!


segunda-feira, abril 14, 2003

Eu sempre tento comentar no blog dessa menina linda, mas ele sempre me acusa de "Erro na página". Um dia eu consigo.

E dificilmente consigo comentar no blog dessa outra menina linda e divertida.

Perdão, garotas, se não é o erro no programa, é o erro no meu sistema... cerebral!

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Nota suite

O saldo de ontem foi: uma dor de cabeça chata, um ar meio perdido, aéreo, dificuldade em fazer o foco dos olhos, um calombo dolorido na perna, alguma ziquizira invertida na cervical, e dói, e uma irmã que ficou a manhã toda brigando comigo porque eu não queria ir até a emergência do Hospital Espanhol.

Estou ótima, só um pouco desnorteada. Mas... as formigas fazem rastro quando andam, como em slow motion?

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Imperfeito pretérito

— As flores foram mandadas por mim, sim, porque gosto de você.

Quase dez anos depois de dizer essa frase, encontrei o objeto do meu amor colegial num bar à beira mar.

Papai terminou a prova do concurso, e resolvemos, Miriam Lane, ele e eu, soltar o corpo ao sabor do vento, flanar um pouco por aí. Acabamos num bar de praia, cerveja gelada, algumas boas risadas.

Pan invertida nas outras mesas, um rápido close em um, plano aberto nos outros, um freeze num terceiro, volto as atenções para o meu mundinho. O geminianismo, entretanto, não me permitiu saciar a curiosidade com aquela rápida vasculhada. Continuei com os olhos-câmeras ligados, procurando uma imagem mais saborosa, para finalmente apertar o disparador e guardar na memória feito fotografia, que certamente sairia quase em preto e branco.

Domingo cinza, nuvens que servem como difusores naturais de luz, fresnel de Deus. Óculos escuros, bolsa em tecnicolor carregando saudade, coragem, cautela e desencanto. Nesses dias sem cor, eu me pergunto quais os planos celestiais pra mim. E com essa indagação sapateando na minha cabeça, novamente fiz uma varredura pelo bar.

Dei com um par de olhos fixos em mim. "Deus, se esses forem seus planos para esta alma, prefiro a sugestão anterior, a de reclusão religiosa...". Ele não era feio. Só não era o meu número.

Nem meu ego atrofiado conseguiu se manifestar. Como é que vou arranjar um namorado se continuar nesse azedume blasé? A curiosidade foi mais forte que o meu desinteresse: volta e meia olhava disfarçadamente, olhos protegidos pelos óculos escuros, para ver se o tal ainda manifestava interesse. Sim.

Abri o zoom da câmera, abarquei com os olhos os outros da mesa. Três homens, uma mulher. Dia de Vitória e Vasco, um deles estava com a camisa do Vitória. "Bom, pelo menos tem bom gosto". Dediquei um pouco mais e atenção a esse simpático simpatizante do meu time na Bahia. Míope e burra, mas ainda assim conseguir absorver os cabelos louros escuros, lisinhos, o cavanhaque castanho claro, bem aparado, o perfil bem feito, os óculos escuros. Hum, interessante. E só.

Dez, quinze minutos se esvaem, areia fina na ampulheta, e na rua passa um ex-affair de carro. Pára, buzina, conversa com alguém do bar onde eu estava, segue adiante. "Puxa, anos sem ver o Fulano, aquela deve ser a mulher dele, e o menininho atrás não nega a ascendência..."

O delay de 15 minutos se ajustou. Voz e imagem, passado e presente, a camisa rubro-negra: tudo foi syncado, e eis-me a 10 metros do homem a quem não via há quase 10 anos. A frase com a qual inicio este texto voltou paara a minha cabeça, bala disparada à queima roupa.

Em tempos outros, mais doces e delicados, mandei flores para ele, margaridas puras como o meu amor juvenil. Flores brancas que iam acompanhadas de bilhetinhos datilografados, minha letra era por demais conhecida deste que era um dos meus parceiros de trabalhos escolares. Trechinhos de música, uma frase minha, sem assinatura, e lá iam os meus bilhetes, as minhas flores, o meu amor.

Cansei do jogo de dupla personalidade. De manhã, a companheira de cafezinho e cigarro na banca da esquina; de tarde, de noite, de madrugada, a idiota apaixonada, a bolar frases de efeito para ganhar o amor daqueles olhos verdes. Contei.

— Fui eu. Gostava de você.
— Gostava?
— Gostava, sim
! — sem perceber que o verbo no passado jamais me daria a oportunidade de saber se ele sentia o mesmo. Gostava ainda vem de "não gosto mais". Pretérito imperfeito, imperfeito como eu; ação que se realizou no passado e não terminou. Mas aí já era exigir demais do português dele e do meu bom senso.

Continuamos amigos, companheiros de cafezinho e cigarro, farras, cervejadas. Ele engordou muito, continua abusadamente lindo, ao contrário do que se poderia supor com a informação dos seus quilos a mais. Ele é a prova viva de que excesso de peso não significa feiúra. E não falo isso porque sou quase uma ex-gorducha.

Fui embora sem ao menos cumprimentar. Não estava pronta. Passei exatamente na frente dele, vi com o canto dos olhos que ele me reconheceu. Ajeitei a coluna, encolhi o restinho de barriga, e segui adiante, altaneira, intocável.

Não adianta: qualquer possibilidade de dar certo foi assassinada por um verbo(,) no passado. Verbo no passado, história no passado. Pretérito. Imperfeito. Pretérito e imperfeito.

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Ouvindo

Primeira: One fine day, do Marillion
Agora: Neddles and pins, dos Ramones
A próxima: Still waiting, do Sum41

Uma curva fechada. Dois carros parados á frente. Inevitável. Mais um acidente de carro no meu extenso curriculum.

Ele, ela, eu, dez da noite, Ondina. Tarde ensaiada no paraíso. Risoto, coca-cola, conversas, textos, literatura, amor.

— Eu te deixo em casa.

OK, meu anjo-ursinho, depois do golpe baixo para derreter meu coração, eu nem discuto.

Caminho de casa, "diminui o volume do som, por favor?", "eu acho que vou amoçar com você essa semana", pista molhada, temporada de chuvas em Salvador.

Foi de repente. Rosto contra a proteção de pescoço do banco da frente. Droga, eu sempre ralo o rosto no estofado quando sofro acidentes! Onde é o céu? Onde é o chão? Onde está Wally?

— COMO FOI QUE BATEU O CARRO? COMO FOI QUE BATEU O CARRO?

Calma, minha amiga anjinha multicor... Tá todo mundo bem? Toma um pouco d'água, acalma. Ernie, me dá a chave do carro pra eu procurar o triângulo?

Todos bem, uma dorzinha aqui, outra acolá, uma perna batida aqui... Chama a polícia. O carro causador do acidente evadiu. Ah, antes ele mandou a passageira entregar o cartão de visitas dele com o telefone. Nem desceu do carro. Fugiu. Aposto meu salário do mês que vem que ele estava bêbado.

Sobraram dois carros. Hora de encostar, desafogar o trânsito, esperar a SET. A pressão da Carol disparou. Três restaurantes à escolha, um refúgio temporário, um banheiro, um antídoto para a adrenalina que corria solta corpo afora.

— Vamos até a Pedra da Sereia?

De todos, o mais distante. Sem discussão, fomos. "Garçom, nós os acidentamos, podemos usar o seu banheiro um minutinho?"

Banheiro, água fresca na fronte, vai dar tudo certo, você melhorou? "Sua pressão sobe, a minha desce..."

Entram duas senhoras.

— Vocês precisam de ajuda, né?

Precisamos. Precisamos voltar o tempo e sair cinco minutos depois. Preciso que a pressão da Carol baixe e que a minha suba. Preciso que a perna pare de doer.

Rápido bate papo, era a dona do restaurante. Viu nossos vultos em direção ao banheiro, parlamentou rapidamente como garçom, chamou uma amiga e veio em nosso auxílio.

— Er... a gente faz um trabalho energético, Hairikari, e acho que vocês podem melhorar.

Carol foi. Eu não. Cão-de-guarda fiel, preocupada com Ernesto e seus questionamentos, esperando a polícia; preocupada com a Carol, meio aérea, pressão nas alturas. 15 minutos de manipulação energética, e minha amiga querida tinha nova vida. Mágico. Providencial. Encomendado.

Voltamos. Polícia de trânsito já lá, boa noite.

— Dani, me ajuda a preencher a descrição do acidente?

Formalidades encerradas, algumas piadas com o policial, com o dono do carro da frente, com a vida. Gargalho na sua cara, infortúnio! Eu sou mais forte que isso tudo!

Despedidas. O amigo do motorista do carro da frente foi colega de colégio da Carol. Coincidência que ajudou a tornar o ambiente até agradável. "Vamos, vamos mesmo processar o sacana do carro da frente". Tchau, a gente se telefona.

Papai chega. Abraços, abraços. Como esses três se gostam, papai, Ernesto e Carol... Olho para a pista, um carro parado atrás do nosso. Um homem alto caminha na nossa direção. Muito alto... e conhecido!

— Tá tudo bem, Dani?
— Fábio, sonhei com você essa noite!!!!


Meses, longos meses sem notícia dele, sem encontrá-lo. Amigo que veio com o Bruno, agora em POA, Fábio é ex-estagiário da TV Minha Casa, atual editor de lá. Um longo abraço, saudades mortas pelos braços do Fábio, saudades pisoteadas pelas pontinhas dos meus pés, ao me pendurar no seu pescoço. Isso já virou reunião social.

— Me liga, Fábio, acho que vou almoçar com você essa semana. Obrigada por ter parado!

Vamos acompanhando meus dois anjos até em casa. Radiador furou, motor esquenta, tarde a beça. Duas paradas para refrigerar o motor, água no posto de gasolina.

Carol em casa, Ernesto segue pra dele, estaciona. Desço do carro, abraço sem dizer muita coisa. Quase agradeço a Deus pelo acidente. Serviu para que ficasse mais claro ainda o quanto amo esses dois. "Me liga amanhã! Vai dar tudo certo."

Desabei na volta. A fortaleza que corre atrás de telefone de reboque, que liga pro Fê — que deu mais um motivo para justificar o tamanho do meu amor por ele — levar o documento do carro pra nós, que compra água, acende cigarro, abraça faz carinho, essa fortaleza ruiu. Um sono absurdo, pernas que não respondem, a clássica dor no braço, o olho direito só de enfeite. Em casa.

— Obrigada, pai!

Acabou.

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Sim, a perna ainda dói. Se não melhorar até quinta, volto no doc querido.

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E no final, o que eu precisava vomitar era o encontro com uma grande paixão, da época do colégio. Se não me der amnésia traumática, fica pra depois.

domingo, abril 13, 2003

Estou me sentindo no Texas. Fronteira com o México. Ou a música country-meio-mexicana do vizinho está alta demais?

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Algo como Garth Brooks com violas de mariachis. "From dusk till down", e ainda bem que a Salma Hayek não veio. Mas o Clooney e o Tarantino podiam chegar...

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Em definitivo, meu deadline para entregar o filho pronto é outubro de 2004.

Tá, eu fui em festa de criança, sim, como é que você descobriu?

Me encanta a doçura, a energia, a curiosidade louca de uma criança. Me apaixona ver os olhos arregalarem diante do novo — e o mundo é sempre uma caixinha de surpresas para elas. Adoro ver a sadia destruição que um bebê de pouco mais de 3 anos pode causar. Destrói a maquiagem da mãe, a roupinha bem ajeitada que a vovó vestiu nele, o brinquedinho da aniverariante, a cobertura do bolo. E quando não resta mais nada para levar ao chão, nos lança aquele sorriso inocente, tenro, e sai correndo, levando consigo mais uns corações destroçados, derretidos.

Pequenas mãozinhas agarram a minha saia comprida, e por um momento sirvo de guard-rail para aquelas duas almas inquietas. Aproveita, Guilherme, enquanto não reclamam porque você puxou as saias de alguém para cima. Essa permissividade não vai durar para sempre...

— Quer um brigadeiro?
— Não, quero bolo.


E o bolo lá, do alto da sua majestade quase glacial, de neve açucarada, encarando o menino, que tão educadamente controla as mãos para que não ajam sem controle. Três anos, e já sabe que se correr o dedo por aquela nuvem branquinha algo de ruim vai acontecer.

Sentei num cantinho, e fiquei saboreando aquele desfile de roupinhas rosa, copos de refrigerantes tombados, chocolates abandonados, canções infantis, gorgolejos de vozes pouco treinadas e sem vergonha de exibir o seu idioma primeiro. Estar com crianças é mergulhar num mundo onde nada que do conhecemos prevalece. Nem adianta insistir: entre um "bigadeiro" e um chocolate que virou "cocate", eles seguem, nos atropelando com os "ômbirus", fazendo girar as hélices do "licópto", tomando "fizerantch" e conversando sobriamente com o Papai do Céu.

E lá vai o nosso mundo, pernas para o ar, como a cadeira que a Bibia acabou de virar.

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Insanides virtuais

Mais um motivo para eu amar esse homem.

Fada Primavera (11:49 PM) :
vc vai jogar tarot pra mim amanhã?
Torin Tyr (11:50 PM) :
q coisa de tarô é essa, doida??? virou truco... *rs
Torin Tyr (11:51 PM) :
vou jogar tarô apostado amanhã... quem fizer 21 ganha, tá?
Torin Tyr (11:51 PM) :
*rs

E olha que eu jogo tarot e muito bem... Mas realmente preciso de alguém isento, imparcial e mais iluminado...

sábado, abril 12, 2003

A mais lúcida reflexão sobre o Michael Jackson, a mais brilhante, eu acabei de ler no blog desse moço: Léo Jaime.

Eu sabia que ia continuar achando mais e mais motivos para gostar dele...

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O filme Carandiru é delicioso, como boa parte dos meus atuais 12 leitores (e é sério!) já deve ter assistido e comprovado. Tão delicioso quanto o filme é o site dele. Meio pesado, sim, mas com um conteúdo abrasador (e a última vez que li a palavra abrasador foi num romance da Condessa de Segur, editado em 1940, acho...).

O press book é um capítulo à parte. Estou quase calva de tanto receber releases de lançamentos de todos os tipos de obras artísticas. NUNCA, e nunca mesmo, eu me arrepiei com um trabalho por causa da qualidade dele. Até ontem. Só a capa do press book abala, é uma porrada inesperada. Daí pra baixo, 34 páginas de detalhes técnicos (você sabia que foram usados 600 latas de filme?), de descrição do elenco, de bastidores do filme. Saborosa sobremesa, para quem teve como pratos de entrada e principal o filme em si.

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Falando nisso...

A crítica do filme Carandiru, texto de estréia desta que vos digita como colunista de fato e de direito, já está em ritmo de contagem regressiva para ser publicado. É um texto elaborado para o lançamento de O Crivo, que deve entrar no ar nos próximos dias.

Não é querendo me gabar, mas o texto ficou um show...

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Semanas sem sair de casa, curtindo dorzinha de cotovelo. Semanas sem fazer a fotossíntese. Semanas sem saber o que é o sol dourando essa pele branco-lagartixa.

E hoje, que é o aniversário da minha quase-filha Bibia, eu tenho um convite para um chopp de fim de tarde, uma provável e necessária reunião de pauta e uma pauta pra noite.

Invertendo o ditado da mamãe: "Dia de nada é véspera de muita coisa".

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Ouvindo

CD #2 d'Os Ostras, Operação Submarina. Bem cuidado sob o ponto de vista instrumental. Quem conhece Os Ostras do primeiro CD fica abobado com a qualidade do segundo. Está no meu top 24 cds no case.

"Eu não sei viver sem você
E se ainda me quiser
Eu não vou te decepcionar"


Tonelada de Amor - Márcio Mello

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Eu ainda leio o horóscopo dele. Eu ainda ouço as nossas músicas. Eu ainda gosto dos mesmos filmes que ele. Eu ainda me lembro de trechos de conversas que se perderam no tempo. Eu ainda penso nele no final feliz de qualquer filme.

Eu ainda acho que tudo pode ser um sinal. Sinal de que ele vai voltar pra mim, sinal de que outro homem vai aparecer, arrebatar meu coração, para no final eu piscar para a câmera, enquanto o coração dele se espatifa no chão. Como o meu coração se espatifou.

Mil pedaços no chão. Cada caco uma sentença. Cada sentença, um crime. Milhares de olhinhos que brilham do chão, olhos que acusam, olhos que choram farpas de vidro, estilhaços de um coração que escorregou de mãos displicentes, caiu e quebrou.

— Desculpa, foi sem querer...

Sempre é sem querer.

Eu ainda queria que o tempo voltasse. Voltasse para o segundo em que os nossos olhos se encontraram. Para o momento exato do primeiro beijo. Queria voltar no tempo para fazer tudo diferente. Fazer com que eu fosse digna do amor dele. Me fazer mais interessante, inteligente, espirituosa, espiritual.

Queria voltar o tempo só um pouquinho, e finalmente escolher o caminho certo para trilhar. Os "ses" se dão as mãos e giram numa louca ciranda em torno da minha cabeça, debochando da minha dor, escarnecendo as minhas decisões erradas. Gritam no meu rosto, estapeiam minha face, correm em círculos, pesadelo filmado com grande angular. Se eu voltasse no tempo, faria tudo diferente. Ou não faria.

Culpa. Culpa que carrego por um crime que não cometi. Sentença. Sentença que cumpro por um erro que não foi meu. Faria tudo diferente, se assim pudesse, mas ele também o faria?

Whatever. Queria voltar no tempo, e ser mais bonita, me vestir melhor, ter começado o regime em setembro, ter estudado mais, ser mais auto-confiante, ser mais segura, mais fria. Amar menos, rir mais, não entregar minha alma — e o coração de bônus track — numa bandeja para as tais mãos blasé.

Queria, sim, nascer de novo e esquecer que um dia ele esteve na minha vida. Queria, sim, voltar no tempo e fazer com que o amor nunca acabasse. Se é que acabou.

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Procurando por "Wait in Vain" em outra gravação que não a do Bob Marley — queria mesmo saber se a Mariella Santiago gravou isso —, achei a versão da Annie Lenox... soundtrack de Serendipity!

Eu comecei esse post pensando em Serendipity (acho que em português o título do filme ficou Escrito nas Estrelas) e os seus sinais. Ainda não vi o filme, mas já arrisquei baixar umas três vezes. Não deu. Não sou forte assim.

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Ouvindo

Primeira: Zoot Suit Riot, do Cherry Poppin' Daddies. PUTA big band!!!
Agora: O tempo e o vento, com o César Camargo Mariano
A próxima: Oompa Loompa remix, originalmente do The Chocolate Factory, versão "Wee Man" do Jackass

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Estou namorando o vídeo do John Knoxxville. Firmes. Mas não posso apresentar pros meus pais ainda. Ele é muito... Uh... Debochado? Escatológico?

Acho que mamãe vai preferir que eu volte pro Adam Sandler...

quinta-feira, abril 10, 2003

Noite talhada no inferno. O sono não vinha, ele não veio, tampouco o meu juízo.

Acordei pensando que era uma e meia da tarde. Olhei errado no relógio: eram 7 da madrugada. Para essa alma que mal pregou os olhos ao longo da noite, que teve sonhos esquisitos e movimentados, sim, é madrugada.

Duas idéias de texto na cabeça, uma sumiu. Vou ver se acho lá por debaixo dos travesseiros. A aridez criativa está no fim. Uma saudade que não desapareceu. Alguma coisa está errada no cumprimento das minhas ordens...

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Abril é um mês peculiar. O céu é azul em abril como não é em nenhum outro mês do ano. E por que o azul de abril é mais bonito? Porque é mais profundo, porque dá mais vontade de esticar o pescoço para fora de casa, qual uma quelônia, colocar blusinha tomara que caia, salto plataforma e sair para fazer a fotossíntese.

E foi o que fiz. Reverenciei abril como há muito não fazia. Coloquei a alma do lado de fora, para secar e tirar o bolor. Prendi os cabelos com o panda, faixa listrada na cabeça, e lá fui eu, versão feminina do Davi Moraes. E vi pessoas, vi pombos — milhares de pombos, brancos, cinzentos, marrons. Pombos... talvez a minha primeira paixão consciente... —, vi carros, vi o sol, vi o mar. Vi o céu. Azul, azul, azul, profundo, como só um céu de abril consegue ser.

Num dia desses, é até fácil de acreditar. Acreditar em ser feliz de novo, acreditar que tudo vai dar certo, acreditar que sim, amor existe. Fica ais fácil de olhar pra frente e ver um caminho tranquilo, sem pedras lançadas de outros planetaslugares. Fica fácil de acreditar que um emprego genial vai cair do céu, que um homem maravilhoso vai cruzar o meu caminho, e que vai me levar ao cinema, me apresentar para os amigos, me chamar de "Meu amor".

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Eu nem quero tanto. Um emprego que me pague bem e que eu adore e que me obrigue a viajar duas, 4 vezes por mês para grandes capitais. Um namorado legal, que saiba rir e seja inteligente. Quero também aprender Flash, um apartamento no Oceania, um livro de I Ching, um discman com MP3. Uma teleobjetiva para a minha câmera, um abraço apertado, a garantia do amor que não vai me deixar, estrelas por todas as partes.

Na verdade, ser feliz resume tudo. É a única coisa que eu quero. Ser feliz.

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A águia está empoleirada no alto da minha cama, olhando com cobiça para o céu azul anil lá fora. Ela e eu, querendo ganhar o mundo, tomar um rumo onde céu se confunda com chão, onde o azul machuque os olhos, de tão puro. E ambas na clausura, de novo.

Depois que ele resolveu tentar viver sem mim, as noites têm custado a passar.

E o sono não vem...

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Idiota a quem eu amo mais que tudo. Idiota cujos defeitos eu amo também. Idiota que briga consigo mesmo, que sofre porque não tem a mulher que ama, E QUE O AMA! Idiota, de riso baixinho, em cujos olhos me vi iluminada que sou. Idiota, que me tira o sono, que me deixa pendurada nas estrelas. Idiota que eu amo.

Idiota.

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"Hello... Can u hear me?"

Kiss the Rain - Billie Myers

quarta-feira, abril 09, 2003

Calminha, calminha...

Cachorro passa correndo pra um lado. Irmã passa correndo atrás, com voz doce. Cachorro volta correndo. Irmã volta correndo atrás, ainda a voz doce.

— Algas, o que está acontecendo?
— Estou tentando convencer a Maber a tomar florais de Bach!


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No embalo:

— Oh, Algas, a gente pode aproveitar e dar floral de Bach intravenosa na Nana, né?
— Floral só funciona com a Nana se a gente bater com o vidro na cabeça dela.


terça-feira, abril 08, 2003

Desde dez horas tentando falar com ela. Telefone ocupado. Bullshit!

Quase onze, e consigo.

E ela estava chorando. Minha amiga querida, anjinho de penas multicores, oásis de paciência. Como me dói ver essas pessoas a quem eu tanto amo chorando.

— O que houve?
— Nada, só fiquei meio triste.


87 minutos no telefone. Ela parou de chorar, rimos, aconteceram aqueles fenômenos extra-sensoriais que só acontecem quando duas pessoas especiais se conectam.

Campainha lá. Não era ninguém. Telefone aqui, logo em seguida. Ninguém. Telefone aqui de novo.

— Eu queria falar com uma pessoa cujo nome é o mesmo do homem a quem você mais amou.
— Acho que foi engano, senhor. Não há ninguém com esse nome aqui. Não, nem no meu coração. Passar bem.


Ela na outra linha, rindo do absurdo da situação. Trinta mil nomes no mundo, ele tem que me ligar procurando por aquele outro?

Absurdos, mas as bruxas se atraem. Minha porção mágica fica solta quando estou com ela. A minha bruxinha, que dorme há tanto tempo, fica doida pra acordar, sacudir a varinha de marmelo pelos ares, recortando figuras mágicas contra o céu. Não, minha querida, ainda não é hora de voltar. Espere mais um pouco, espere que eu decida qual das trilhas vou seguir.

Desligamos, fui pro banho, uma hora inteira no chuveiro. Lavando a alma, misturando lágrimas e chuva, me despojando das lembranças que aquele telefonema por engano me trouxe. Droga. A história que eu queria contar não era tão triste.

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É menino o neto da minha amiga sem-noção! Eu te disse, não disse? Eu te disse, eu te disse!

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Rinite alérgica no mais evoluído estágio de mutação. Não sou um ser humano: sou um laboratório de pesquisas nasais.

domingo, abril 06, 2003

Os olhos do Pedro Paulo Diniz... Ah, os olhos do Pedro Paulo Diniz...

Sempre tive uma queda pelo João Paulo Diniz, mas o Pedro Paulo e seus olhos de madeira derretida...

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Conexão discada sux.

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Ele veio. Num telefonema, ouvi sua voz brincando comigo.

"Te acordei?", meio rindo, sabendo que sim. "Eu estava na dúvida entre te acordar agora ou te acordar mais tarde..." Você pode, meu amor. Sempre pôde.

"Estou com saudade, mas..." "Mas nada! Não prometa o que você não vai conseguir cumprir! Você ia dizer que não mais voltaria, não é?" "É... não me faz bem ter você e não ter ao mesmo tempo."

Na minha cama, mantenho os olhos fechados, estico o corpo qual felídea; preguiça e deboche no sorriso de Gata-que-Ri.

"Um dia você bota na cabeça que me pertence e que eu pertenço a você."
"Eu sei disso, como sei disso... Não tenho mais paz sem você."
"Problema é seu, meu amor! Eu tenho tentado devolver uma aura de normalidade à minha vida."


O jogo inverte. No telefonema de sonhos, quase o vejo sorrindo.

"Mentirosa. Você quase não sai, e só com amigos inócuos. Eu sim é que tenho tentado me livrar do vício que você é."
"Uma mentirosa, um fracassado. Nem eu estou tentando te esquecer, nem você está conseguindo viver sem mim."


Rimos os dois, cúmplices. Bela dupla: os melhores, quando juntos; meros sobreviventes, quando separados.

"Eu amo você, mas vou tentar não voltar."
"Eu amo você, e vou te esperar todas as noites e dias. Eu SEI que você vem."
"Eu SEI que volto."
"Está ficando cansativo esse encontrar noturno. Vai ser assim até o fim da vida?"
"Não sei. Você precisa saber de algumas coisas antes de decidir se me quer de verdade."
"Você é um repolho hermafrodita? Soropositivo? E se for? E daí? Eu amo você. Quer que eu desenhe pra você entender?"
"Deixa eu tomar coragem, te conto um dia. Não ia suportar ser rejeitado de novo..."
"Seu idiota, você e o seu segredo! Eu nunca te rejeitei!"
"Eu me senti assim. Tenho que desligar."
"Volta. Por favor, volta!"
"Vou tentar não vir mais. Mas não vou conseguir. Eu volto. Não sei quando, mas volto."
"Se você não vier, vou até você. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo."
"Eu amo você, também. Amo muito, amo tanto que dói fingir que você não existe."
"Vai. Vai pra poder voltar inteiro meu, voltar inteiro pra mim."


Ele foi. Acordei na hora, senti falta. Sono intranquilo, corpo cansado. Ajeito a cabeça no travesseiro para começar a dormir de verdade. O sorriso de gata de Alice continua no rosto. Ele vai voltar, sim.

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Automobilismo e futebol seriam os dois únicos motivos para eu me tornar uma repórter. E aliás, com meus 17 kg a menos, não estou muito longe de ficar videomente aceitável!

sábado, abril 05, 2003

Alma perdida

Marcelo Antony como Pôncio Pilatos. Luciano Szafir como Jesus Cristo.

Na boa, fica dificil escolher pra que lado torcer...

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Pilatos devia ser vivido pelo Luis Melo, Matheus Nachtergale, alguém que não deixasse margem de dúvida sobre o mal ser mau mesmo, e o bem ser bom mesmo. Mas Marcelo Antony vs. Luciano Szafir? Já estou até me vendo, querendo que o final mude para os dois (Pilatos e Jesus) ficarem amigos e combaterem o crime juntos.

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Fofoca com um amigo jornalista, quase gay, mas que se faz passar por garanhão. O tema: uma cantora que aparentemente não é lésbica, mas que a lenda diz que é.

— Tem certeza?
— Ah, minha linda, da fruta que ela come eu vou até o caroço!


Resultado: estou na mesma! Tendo ele como referência, continuo sem saber qual a fruta que ela come...

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Cenas que eu não preciso ver

Meu pai balançando os braços na mesa do almoço, imitando o Nelson Ned cantando Brasileiro, Brasileirinho.

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Eu queria me apaixonar de verdade, não espanar um caso antigo, dar um polimento cristalizado e aceitar como modelo 2003.

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— Que olhos lindos você tem! Verdes, quase veludo!
— Os seus também são lindos, meio mel, meio avelã...
— Vamos dar uma ensaiada no texto?


Errou no segundo parágrafo.

— Não tem problema! Vamos passar mais uma vez, inteiro?
— Vamos! A culpa é sua: acabei ficando meio apaixonado por você, pelos seus olhos...


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Winamp

Primeira: Capricorn, do 30 Seconds to Mars
Agora: A estrada, do Cidade Negra, levada pelo Charlie Brown Jr.
A próxima: All the pretty girls, do Spoon

Amanhecer com Quiroga

"Chegou o momento esperado, não há mais possibilidade de escolher e por isso é inútil duvidar ou mergulhar em dilemas. Alegre-se! Não há mais nenhuma chance a não ser esta, de todos sermos felizes ou ninguém consegui-lo."

Eu odeio quando ele me dá um único dia para pegar o caminho certo...

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— Olha aqui, Daniela, infelizmente eu não posso fazer uma única crítica ao seu trabalho na quarta-feira. Você foi perfeita.

De uma amiga coordenadora sem-noção, que é parcimoniosa nos elogios.

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Quinta-feira, 21:02, Ladeira da Barra

Linda. Não havia outro adjetivo para aquela menina colorida. Vestido cor-de-rosa com florezinhas azuis. Bolsa azul, numa padronagem louca. Cabelos longos, lisos, entre o louro escuro natural e o resto de vermelho que um dia esteve lá. Sorriso na boca: que saudade daquele que dirigia o carro do outro lado da rua, que a esperava.

Trânsito lento no sentido Barra-Campo Grande. Gentilmente o dono do Tipo pára para a menina linda passar. Na outra pista, um táxi devagar, procurando passageiros, esperando para ver a menina colorida passar. Ela ergue um polegar camarada para o dono do Tipo, um sorriso rápido, e atravessa, preocupada com o carro-táxi que desce do outro lado.

Ela estava lá. De repente não estava mais. A menina colorida sumiu? Não: desabou no chão, sem chances de se equilibrar. Estendeu o corpo todo no asfalto, deitou a cabeça na faixa amarela das pistas. Primeiro ato: baixou o vestido que havia subido até a cintura. Continuou deitada.

— Levanta, sai do meio da rua! — fala o motorista que a esperava
— Eu não quero! Quero morrer! — choraminga a menina.

Não dava pra passar o resto da vida deitada ali. Ou dava? Não deu tempo de tentar: o homem que a esperava finalmente conseguiu se desvencilhar do cinto para ajudá-la. Pé levemente torcido, trânsito parado dos dois lados, joelho ralado, nem o motorista do Tipo nem o do táxi arredaram pé. Bom, o do taxi não podia, só se passasse por cima de mim. E naquele momento, era uma boa idéia. Nenhum dos motoristas ria. Que bom, as pessoas ainda têm alma. Menos eu. A minha sucumbiu. De pura vergonha.

Trânsito voltou a fluir. O cavalheiro amparou a ainda bela dama, recolheu suas chaves, seu celular — que mais uma vez foi arremessado à distância; deu-lhe dois abraços apertados, abriu a porta, disse o quanto ela estava linda, o quanto estava magra, deu a volta, entrou no carro.

— Você está bem?
— 'Tô...
— Posso rir agora?


Silêncio rápido. Um olhou pro outro com ar meio estupefato, e como que ensaiados, começaram a gargalhar. Bistrô, here we go!

*Nesse episódio, nenhum coelhinho foi ferido. Nem o meu orgulho. Só o meu joelho.

sexta-feira, abril 04, 2003

Os céus vão despencar!

Desde maio de 1998 estou esperando para ouvir isso! Desde 1998 que esse homem reluta em admitir que foi mal, ou que errou, ou que eu estava certa, ele errado!

Trechos do "Troféu":

"Você sempre pegando pesado comigo, hein?!
Tudo bem, te dou a razão."


(...)

Mas sei que o pior de tudo foi eu não ter te ligado.
Se adiantar de alguma coisa : foi mal."


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Cinco, seis anos depois, e a competição camarada ainda é a mesma. Ainda implicamos carinhosamente um com o outro, ainda somos os mesmos esnobes culturais. Com ele, ganho os anos que passaram todos de volta. Retomo o final da adolescência, as tardes de surf, o sonho de cair em Scar Reef, as noites de jam session no Solar, Território, Magamalabares. Vinho branco gelado, horas a fio no ICQ, Midnight Oil, cerveja long neck. Ele me traz de volta o sonho sonhado junto, a esperança, os dias amistosos, intensos. O cheiro de mar está engastado na pele dele, e as ondas invadiram seus cabelos.

Falar com ele na terça deu saudade. O email dele hoje deu mais saudade ainda. Uma sensação de continuidade, de estabilidade, de nada mudou. E no meio dessa minha turbulenta vida, poder estender a mão, discar oito números, e ouvir a mesma voz de sempre, com as mesmas brincadeiras, de alguém tão querido, é um presente embrulhado por Deus.

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— Preciso de um ator que faça a linha executivo.
— Ok, terno, gravata, cabelo arrumadinho...
— Exatamente! Mas dá um jeito de me mostrar a nova tatuagem da sua coxa!
— Na hora! Eu posso ir de sunga e gravar como o executivo de férias na praia.


E ainda me pagaram, acreditem!

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Não chorei mais. Coração mais tranquilo. Em paz.

Acho que estou crescendo.

Terminei de escrever, copydesk.

Só então dei o enter. Não no texto: na vida. Só então consegui chorar. Só então deixei vir a indignação. Só então deixei vir a dor, as lembranças, a saudade.

Só assim vai passar. Só vindo tudo. Lágrimas com cor de ferrugem, como água parada em encanamento há muito desativado. Lágrimas que vieram queimando, como ácido de bateria. Lágrimas que vieram cavando sulcos pelo meu rosto, marcando de negro a pele pálida, escurecendo ainda mais as pronunciadas olheiras. A tradicional dor no braço esquerdo, meu maior indicador de aborrecimento. Não, não é coração. O que provoca a dor é uma compressão na cervical.

Sim, de certa forma, é coração. De certa forma, é o coração que faz doer o braço, é o coração bobo que ainda não se acostumou com as idas e vindas das pessoas.

Mas só assim vai passar. Só assim está passando. Só sentindo tudo, sem cercas eletrificadas que fritem as emoções que tentam extrapolar o limite que impus. Dessa vez não há limite.

Por isso que está doendo menos.

Por que, M? Por quê?

De um homem de 47 anos, que conhece 26 países, menos chocante. Mas você? 23 anos, M? Conhecia dois, três países, só! 23 anos, M!

Eu tinha uma inveja tão branca de você, M. Não só eu, mas boa parte dos que tinham um mínimo de bom senso também. Eu olhava com tanta admiração para a sua desenvoltura profissional, achava tão injusto que você fosse pichado por causa do "QI". Você era muito mais do que o filho de um grande nome da comunicação. Você já tinha o seu nome, você era tido como um dos mais promissores profissionais da nossa geração. E essa competência, herança genética ou não, era sua. Era a sua bagagem.

Charmoso, dono de um texto quase lírico, sempre bem vestido, carregando aquela pasta de couro pra baixo e pra cima. M, a gente ainda tinha muito o que se encontrar na cidade que para mim era a Pasárgada. Por quê? Ainda faltavam uns 22, 23 países para você conhecer, e para que não doesse tanto, mais uns 24 anos pela frente. No mínimo.

Ainda tinha muita poesia para ser derramada nos papéis. Ainda tinha muita sensibilidade para aflorar. Você ainda tinha inúmeros furos jornalísticos pela frente, um ou dois Pulitzer, ou Prêmio Ayrton Senna, ou qualquer que fosse a fita azul. Você ainda tinha tantos dias nascendo, tantas correrias pela Consolação, tantas namoradas a arranjar, um ou dois filhos para gerar. E ver crescer.

Nunca foi estrela. Podia ter sido: sucesso para pessoas muito novas sempre desequilibra. Mas você parecia nascido para aquilo. Estrela é agora. Agora tem um lugarzinho no céu para você continuar brilhando. Pessoinha-estrela, homem-cometa, voltou muito rápido para casa. E dói, viu, M? Saudade dói...

Era uma resposta para um comment, mas estou tão, mas tão honrada, que virou post!

(lentamente)

QUE HONRA!

Quanta honra! Ithamara (Koorax), e agora com H, lendo e comentando? Ithamara, a quem respeito e admiro como a poucos (e a poucas?)?
Divina, divina sim! Voz doce, competente, segura, que tem o — raro — dom de me levar para lugares onde dores não existem, e o meio sorriso continua estampado no rosto...

Se eu aceito convite? Deuses piedosos, que o Rio esteja na minha rota de maio. E se não estiver, Deus, dá um jeitinho?

Beijo, fica com Deus!


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Se alguém do Rio se der ao luxo de perder, está amaldiçoado a ouvir todos os lançamentos da Egüinha Pocotó, daqui até as duas próximas vidas!

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Faltou dizer que amadrinhada por Divina, Divina e Meia é!

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A felicidade é um telefone que nos acorda, um amigo querido do outro lado. Um bistrô 40 minutos depois, um abraço apertado, "Como você emagreceu!!".

Certo, um namorado cairia bem no cenário, mas continuo achando que Deus tem planos de reclusão religiosa pra mim...

Uh.. Quer dizer... Depois dessa noite... Uh... Acho que não!

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Ele indo pra SP amanhã. O outro ele indo segunda ou terça... A pergunta ERA: que raios essa soteropaulistana está fazendo pendurada na latitude 13?

A resposta é simples: ainda não dá pra viver sem ela, sem ele, sem ele e sem ele.

Love is the law...

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Cenas do próximo capítulo:

A Queda da Dani (ou "Alegria e dor de um taxista")

quinta-feira, abril 03, 2003

— De onde a gente se conhece?

Não é o meu tipo de homem. Mas eu não tenho um tipo certo, aliás. Retificando: não era o homem pra quem eu olharia duas vezes. Mas a gente se conhecia.

Feio. Muito parecido com um ex-namorado que gravitou à minha órbita another time, another place. Homem bom, honesto, sensível. Como esse aparenta ser. Esse é mais novo: 30, 32 anos. O outro já fez 41. E a gente se conhecia.

— Estou muito nervoso.

Fica tranquilo, meu bem, eu estou te dirigindo, entrega o seu futuro nas minhas mãos, confia na minha sensibilidade. Eu te levo até lá.

E assim foi. Repetições do mesmo texto, a arte imita a vida. Dificilmente a gente acerta na primeira.

— Quer dar uma volta, refrescar a cabeça, e gravar daqui a uns dez minutos?

Ele foi. Eu fiquei. E vieram dois, vieram três, e minha cabeça se desprendeu dele no momento em que cruzou a porta do estúdio. Veio mais um, e volta ele.

— Eu perdi a vaga num filme de um diretor famoso porque não conseguia me expressar.

Vamos com calma, pessoa. O meu tempo é o seu, não tenho pressa, me adapto ao seu ritmo. Não quero que você perca essa vaga comigo por causa de insegurança. Eu tenho paciência, e se não estivesse acostumada com repetições, não estava dirigindo. Nem vivendo.

— Com o público é diferente, não me assusto. As câmeras me intimidam.

A idéia me vem como uma bala. Descalça, para aterrar, fico ao lado da câmera. Entra nos meus olhos, faz o teste olhando direto pra mim. Eu sou seu público, eu te aplaudo, eu peço bis. De mim você não tem medo, né?

Os olhos diziam que não, a voz vacilava. Primeira tentativa, e os olhos escaparam um pouco dos meus. Pára. Volta. Tudo OK. O áudio está bom. Gravando. Dessa vez, capturei sua alma, que espreitava pelos olhos quase negros. Não errou uma vírgula até o meio do caminho. Mas errou. Não deixo que ele se vá: continuo com a alma aparafusada na dele. Terceira tentativa. Começa bem, e fala só pra mim. "Eu queria fazer um elogio", diz o texto, diz o ator, diz o homem.

Não precisa falar: seus olhos já o fizeram por você. Passa o ponto crítico. Engata a segunda, e continua dizendo que está muito feliz por eu ter aparecido na vida dele. Eu, o produto do comercial, éramos a mesma coisa, já. "Continuem a pressão", terminava o texto, e o final chegou sem dor.

— Você conseguiu!

É, meu bem, eu disse que você vencia esse medo comigo. Foi só confiar. Um abraço apertado.

— Obrigado!

Não a mim: a você. Eu sabia o tempo todo que você ia conseguir. Sempre soube. Nunca duvidei da sua força, mesmo quando você mesmo desistiu. O que fiz foi ter calma e doçura para conduzir para fora o que você tinha de melhor. Quando pedi que se afastasse, era um tempo para você mesmo, não pra mim. Sou mulher, a minha memória ancestral me mostra o caminho servil, quase gueixa. Incansável fêmea, que não desiste. Como não desisti de você.

Um último olhar pra trás, um sorriso. Tchau.

A gente ainda não sabe de onde se conhece. E precisa?

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Com um dia desses por semana eu parava o Prozac ontem!

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Bem que podia ser uma história de amor, né? Uma história que podia acabar antes do "tchau". Lá pelo abraço apertado, lá pelo "obrigado". Ou lá pela parte em que eu insisto que não desisti. Mas não foi. A vida imita a arte: a gente nunca consegue de primeira.

quarta-feira, abril 02, 2003

Estou exausta em todos os "mentes" referentes a mim: fisicamente, espiritualmente, emocionalmente, intelectualmente. Exausta, parece que uma manada de zebus passou por esta carcaça mal-cuidada.

Esta carcaça, aliás, come pouco, dorme menos e ainda toma esporro do guia espiritual. Mas o trabalho está completo. Não há cachê que pague a sensação de trabalho cumprido e bem feito. E esse, embora a mão na massa seja amanhã, nasceu para ser bem sucedido.

Que seja doce, que seja doce, que seja doce...

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Há tempos vêm aparecendo nos meus jogos de carta uma combinação que fala de um segredo que afeta a minha vida. Não segredo meu, mas um segredo que mudaria os rumos da minha vida.

Será que sou um repolho? Será que sou uma filha bastarda de algum armador grego, criada na América do Sul para não ser assediada pelos fotógrafos? Será que vou me transformar numa princesa às doze badaladas? Será que o meu homem ideal (rá! que farsa!) é algum amigo de infância apaixonado e enrustido? E hermafrodita?

Whatever... Sou mais espírito de porco do que curiosa. Não preciso fazer esforço: a verdade me procura, não adianta.

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43 estrelas amanhã. Vou cantarolar God Give Me Strenght o dia todo...

terça-feira, abril 01, 2003

Esse era um post para ser publicado às 14:00 e pouco...

Tenho a impressão de que alguém sapateou no meu pescoço de madrugada. Não, pervertido Leitor Fiel, o segundo andar dos meus aposentos continuam ocupados por mim e pela águia, somente! Mas as duas horas da manhã chegaram no meu relógio e eu não tinha conseguido dormir. Certo, o habitual é quatro, mas não em dia de pré-produção hardcore.

Os olhos dançavam junto com as sombras na parede, e o pensamento acompanhava, batendo o pé no compasso, martelando meu juízo (hã? Ju o quê?).

Num email pra um amigo querido hoje, disse que achava que Deus tinha planos de reclusão religiosa pra mim, e que estava preparando a minha alma para isso. Não tenho a menor vontade de sair para azarar ninguém, não tenho uma paixonite em vista, ninguém que eu queira beijar. Certo, a confissão é que um telefonema hoje balançou meus alicerces, mas amanhã eu certamente vou constatar que ele tem namorada, e que não olharia duas vezes pra mim se não fosse a trabalho.

Que geraçãozinha solitária, essa minha... Zeca Baleiro diz, numa música lá, que não-sei-o-quê era mais solitário que um paulistano. Concordo. Nada mais solitário que um paulistano fora de casa. É, porque o paulistano morando na capital está mais doce, mais cortês, mais afetivo e muito, muito mais simpático que o carioca. Palavra de uma paulistana solitária, que conhece o Rio tão bem quanto conhece São Paulo.

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O horóscopo do Guruweb me deu uma lapada na fuça, hoje... Link ao lado.

Pronto, não acredito mais em horóscopo (até a meia noite!)

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Ouvindo

Som dos três telefones com os quais estou trabalhando. Falta uma orelha para dar conta...

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QUE SAUDADE DE PERTENCER A ALGUÉM!