domingo, março 28, 2004

Meu baixista querido, você tinha razão!

Por esse outro baixista eu largaria tudo e aprenderia a cerzir as meias dele.

Mas esse baterista aqui... Minha Virgenzinha do Guadalupe, ele é quase um fetiche... Fora que se eu fosse montar uma banda com músicos brasileiros, ele estaria entre os três finalistas. Ele é MUITO fera!

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Em que planeta eu estava que só descobri o CPM 22 hoje?

1º de julho, minha Valentina, arranja um colchãozinho aí na sua terra pra mim? Desembarco no melhor estilo groupie para o show deles.

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É a lua em câncer que me deixa tão exposta, tão passional, tão sensível. Já fui usada de maneiras até que bem piores. Mas dessa vez não deu. Acho que minha tolerância foi abalada pelo terremoto dos últimos dias. 8 pontos na escala Richter.

E o pior é que eu sei que ele me ama como eu o amo. Eu sei disso. Ele sabe disso. Ele só não sabe lidar com seres humanos do sexo feminino. Na cabeça dele, toda mulher vai ser escrota, vai ser um problema, vai sacanear com ele. E é a queixa que nunca ninguém vai poder fazer de mim.

Não é um rompimento, mesmo. Eu só rompo uma vez, e amor é pra sempre, seja qual for o formato dele. Esse é um amor pra sempre. Mudaram as bases. Mudou o procedimento. Não permito mais que ELE sapateie pelas minhas costas.

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O menino ficava sozinho, brincando com seus soldadinhos, com seus índios, guerreiros e cavalinhos de cores pouco naturais. Ele tinha um mundo só dele, indivisível. Ele achava que ninguém queria participar do mundinho dele, e se condicionou a achar que os melhores companheiros seriam os bonequinhos.

A mãe nunca o entendeu, o pai tinha tão pouco tempo para se esforçar e entrar naquele planetinha... A irmã era uma chata, com seus discos de músicas românticas, e seu namorado não era melhor.

Os cachorros o entendiam perfeitamente, e foram incorporados como parte do patrimônio do menino. Amor, pra ele, era o que a mãe tinha pela irmã, o pai pela mãe. Ele não participava dessa comunhão de amores e afetos explícitos. Até tentou escalar o colo a mãe, mas era tão antinatural que ela se espantou. Ele entendeu como rejeição, e nunca mais tentou.

Os cachorros vieram suprir essa lacuna que ele tinha. Amor. Ele também amava seus soldados, seus tanques de guerra, seus canhões. Gostava muito dos índios, mas não era certo torcer pelo lado do "mal".

Cresceu o menino, virou homem. Um dia ele abriu um postigo do seu mundo para o mundo aqui fora. E gostou do que viu. Olhou pra mãe com um quase carinho. Afagou o cabelo da irmã, que já fora mais alta que ele um dia. Esperou o jornal da televisão acabar para entabular uma descompromissada conversa com o pai.

Aquele foi um dia especial. Sorriu para os colegas do trabalho, respirou ar de mar, sentiu sol queimando a pele. Subiu pro quarto quase levitando. Feliz.

Fechou a porta do quarto, adaptou os fones de ouvido, volume no máximo, rock and roll. Sentou em frente ao computador, fazer o que jamais saberemos. Levantou os olhos para a estante. Soldados, índios, cavalos verdes, tanques de guerra. Amores primeiros. E sem pudor algum, colocou todos os seus melhores amigos no chão, e por aquela noite, só, voltou para o mundinho que só ele via. Agora sim, realmente feliz.

E eu, apaixonada, a espiar todos os dias para ver aquele menino que era o meu amor. Eu, escondida atrás da janela escura, vi o meninohomem cavalgando por planícies do velho oeste americano, travando e ganhando uma guerra por dia.

Não eram as bonecas, não os ursos. Era ele o meu mundinho. Era ele o meu amor.

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