domingo, março 14, 2004

Uma resposta para um comment doce

Danilo,

Impressos sempre foram o meu karma. A minha confissão: eu tinha PAVOR de entrevistar os acadêmicos da UFBA para fazer aquelas pautas porres. Mas não era medinho, não. Era HORROR!

Eu, como você, também levava uma vida extra-acadêmcia atribulada, como aliás, continuo fazendo. Era praticamente impossível seguir o "Manual Brotas/Batista para Ganhar o Pulitzer Antes da Formatura". Como conseguir A pauta mais interessante do mundo, quando eu mal tinha tempo de correr de uma sala pra outra, enquanto atendia a telefonemas de dragões me chamando para a arena? Na única vez que consegui uma pauta, uma lá em Biologia, o projeto em debate estava quase totalmente desativado, e não gerou matéria nenhuma.

Eu, Danilo, logo eu, que sempre fiz as entrevistas mais cabulosas, que arranquei furos absurdos para o mundinho do entretenimento; eu, com medo dos acadêmicos? Eu, que fui lançada à cova dos leões no primeiro mês de estágio em TV, que tinha, junto com outros guerreiros infanto-juvenis, a árdua tarefa de pendurar no ar um programa de uma hora todo santo dia?

Até hoje não consegui entender esse meu bloqueio com os bolorentos da UFBA. Desse jeito, nunca saí de lá. O engraçado é que a matéria que pegamos juntos, Impresso II (e acho que não foi a única que nos teve juntos sob o mesmo teto), era o equivalente à Ciência Press, agência da qual fui repórter (não só eu, né, Holden?) por um ano. Logo, minha carga horária estava cumprida duas vezes.

Já no final da minha última tentativa de me fazer jornalista, descobri que adorava os filósofos e os comunicólogos. Era um sopro de inteligência na minha prática adquirida na marra. Me apaixonei por Wilson Gomes, Monclar é meu pastor e nada me faltará, e Liv Sovik, onde anda você? Mas aí não dava mais tempo. Alguém tinha que pagar as contas, e só respeito a inflexibilidade com horários dos mestres que falei aí em cima. Claro, tenho um tremendo respeito e carinho pela Nádia Miranda, pela Helô (que me deu as aulas mais proveitosas de todo o curso), mas meu tempo com elas já tinha acabado. Os outros? Pô, morro de saudade do Mamede, acho o Jéder o cara mais genial do mundo, porque ele sabe e não é pernóstico. Bebia as aulas que o André Lemos dava para os quartanistas e que eu, abusadamente, me matriculei no meio do primeiro ano.

E as coisas terminam assim: pratico impresso à minha maneira no blog, continuo em TV, agora mais voltada para a publicidade. Investi sete anos da minha vida tentando ser uma profissional respeitada, para no final descobrir que não sei viver. Minha vida pessoal é um fiasco. Não sei ainda se é triste, mas foram sete anos que deixei de namorar, deixei de construir patrimônio, deixei tudo para acrescentar tijolos na minha formação profissional. E juro: tem dia que tenho vontade de pegar cada tijolo desses que amealhei e sair jogando na cabeça de todo mundo.

Obrigada, Danilo, não só pelo elogio ao meu texto, mas por fazer lembrar. Eu precisava me questionar se afinal de contas valeu a pena. Geminianos precisam de uma sacudidela, você sabe tão bem quanto eu...

E eu adorei o seu texto também!

Beijo do tamanho do mundo!

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