segunda-feira, maio 10, 2004

Dia das mães

— Ah, eu queria tanto o CD da trilha sonora de Chocolate com Pimenta...

Uma coisa a ser observada nos presentes para pessoas que moram na mesma casa é a sua capacidade de aturar repetições seguidas do CD que foi presenteado. Eu, por exemplo, jamais ganharia um CD do American Hi-Fi da minha mãe. Ela jamais ganharia um CD do Cauby Peixoto de mim.

Mas a minha irmã cismou que era aquele CD que a mamãe queria, e que era aquele que ela ia ganhar. Vamos nós pro shopping (post de Sábado), enfrentando a turba de brasileiros que, como nós, deixou tudo para a última hora.

Compramos o bendito, e na volta pra casa, mergulhei no jardim azul em cima da minha cama e de lá só saí pro chuveiro. Não me dizia nada onde as meninas iam esconder o presente até o dia seguinte.

Noite bizarra, dia seguinte. Cambaleio até a cozinha, vasculho a geladeira, descubro um resto de suco. O que vai com esse suco. Abro o armário da cozinha e fico lá em franca contemplação... Até dar de cara com o Murilo Benício entre a pipoca de microondas e o Miojo, atrás da canela em pó!

Era o maldito CD, muito bem escondido pela Algas. Recuperei a capacidade de raciocínio, esperei o coração regularizar as batidas, e maloquei direito, atrás da pilha de Miojos.

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Isso numa semana marcada pelos sustos...

Estava trabalhando, resolvi dar um tempo. Peguei maço de cigarros, isqueiro, chave de casa e fui até o playground do prédio para tomar um vento e ver se o sol se afogava no mar. Não se afogou, e resolvi voltar para o trabalho nosso de (quase) todo dia.

Desci, sentei em frente ao computador de novo, e fiquei vasculhando umas coisas com o mouse, só. Lá pelas tantas, abro um doc e uma senha é pedida. Lá vou eu pro teclado... e me encontro com Nossa Senhora de Fátima!

— O que eu fiz de tão grave para a Senhora vir pessoalmente dar o esporro?

Devo ter gritado, ou emitido algum ruído, ou então a minha irmã tem um senso de oportunidade extraterreno. Ela veio na sala e me viu branca.

— Miriam Lane, Nossa Senhora de Fátima está no teclado!

Ela deu uma olhada e me lançou o olhar que a irmã Lúcia deve ter recebido da mãe, quando contou que uma santa em cima da oliveira contou três segredos pra ela.

— Mamãe que pediu pra colocar aí. Ela trouxe do Rio pra sua coleção e da Algas.

Quer dizer que dessa vez não fiz nada de grave, Nossa Senhora? Resmunguei sobre milagres falsos, peguei meu santinho e guardei na bolsa, acabrunhada.

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