sábado, maio 01, 2004

Responde, vai! Responde!

Eu não posso é continuar nessa dúvida atroz, nesse corroer de entranhas, nessa dor que não acaba, que não anestesia, que não me deixa.

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Excessos. Todos os excessos são provenientes de uma situação-limite.

Poucas coisas doeram mais do que decretar a falência múltipla dos orgãos. Morreu, e sei que eu usei minhas mãos para estrangular o resto de vida que ainda tinha. E note bem, quem conhece a minha vida sabe que dor não é uma novidade para mim.

E essa foi a noite dos excessos. Reunião da 5pontas Produções, prestes a virar Estrela de Davi Confusões iLTDA. Isso não podia terminar bem. Mas terminou. Descobri várias coisas ao meu respeito, algumas bem ruins até. Mas na maior parte do tempo eu enfiei a mão na boca da consciência e a deixei calada. Na última vez, foi um bom e velho jab de esquerda, minha especialidade. A tal consciência não recuperou os sentidos até agora.

E assim foi. Noite que começa cedo, termina cedo. Rave? Nem nos sonhos mais perturbados! Tudo começa a virar fragmento: "Como é o nome da festa que a gente vai amanhã?", "Onde você está?", " E te interessa por quê?", "Vem pra cá!", "Vem pra cá você".

Não, chefe, ainda não. Talvez nunca, se chegar o email do Convento das Cyberfreiras me aceitando. Talvez nunca, se eu não conseguir esquecer da nossa história antes.

E lá pelas tantas, eis que surge um amigo da família, daqueles que me conhecem desde pirralha. Estranho tomar whisky com quem me conheceu nos tempos do guaraná.

— A gente nunca vai brigar por causa de homem. Aquele ali é o seu tipo, e eu nem olharia pra ele duas vezes.

Errado, amigo. Aquele não é o meu tipo porque eu não tenho mais tipo. Não quero nada com ninguém, nem retribuo a investida do dono dos cabelos gris. Me volto para um dos meus amores, e lá vem a sessão "MORRA DE INVEJA!":

— Eu dividi a cama com o Bonitinho e Confuso na temporada de trabalho, você não...
— Bonita, ele é de um, tudo, mas aquela coisa de gostar de mulher e negar me desesperava...


De fato... O Bonitinho e Confuso dormiu na mesma cama que eu, desembaraçou os meus cabelos, invadiu meu espaço na cama, e nada, além de um braço perdido na minha cintura, aconteceu. Mas eu tinha que provocar aquele meu amor de olhos indecentemente azuis. Amor que canta em espanhol comigo, com quem divido a mesma música, com a mesma intensidadade..

"Porque el tiempo pasa
Nos vamos poniendo viejos
Yo el amor
No lo reflejo como ayer"
...

E assim foi. Reminiscências, risos para quebrar feitiço (ai, que saudade de você, minha bruxa!), saudades daquele eu eu amo que morreram espremidas entre o nosso abraço. Saudades de algumas pontas da estrela, do cheiro de um, dos braços do outro. Saudade do timbre da voz, curiosidade em saber porque perguntou se ==CENSURADO==. Agora, cara-pálida? After all?

Era um bar gay? Era, sim, mas era disso que eu precisva hoje. Os companheiros hetero não me serviriam hoje. O homem que estava lá bastou. E se a pergunta é: "Daniela, você virou casaca?", esqueça: sou menina até o fim. Mas homem, agora? Nem pra limpar meu sapato com cuspe e as fraldas da camisa.

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Melhor foi fazer palavras cruzadas com o Pai da Fada... via mensagem de texto.

By the way: qual a capital do Marrocos? Vamos os dois dormir sem saber...

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