quinta-feira, maio 06, 2004

Uns Dias

Da mesma época de "Dirty Dancing". Sou capaz de jurar que foi no álbum "Bora Bora". Ainda no tal colégio de Aplicação da Universidade Católica. Ainda amiga das Lilians, da Betânia, do Gustavo, apaixonada pelo Eduardo "Esponja". O apelido vem desde esse tempo, e o segundo nome dele era Roberto. Bob. Scherzi.

"Rasga a noite e passa rente..."

Praticamente morando entre uma prateleira e outra da biblioteca, ainda sou capaz de imaginar se a bibliotecária se beneficiou da cirurgia de redução de estômago. E ainda posso sentir o papel couché deslizando entre os dedos, no anuário dos alunos. E a foto do Esponja ali, zombando das minhas digitais sobre seu rosto.

"Eu nem te contei da vertigem que se sente, eu nem te falei..."

Fugidas para o Bosque durante as aulas, carrasca de períodos, enforcando um tédio, uma rejeição, uma aula de educação física. Sorvetes perto do Museu do Índio, aves cujas penas quebravam a monocromia verde do Parque. Melhor velocista da equipe, a mais rápida, correndo para não ver os rostos que se riam de e para mim. Melhor atleta de corrida, melhor atleta de jogos de velocidade; ainda assim, sempre a última a ser escolhida. Numa terra estranha, era difícil comungar com os outros, que liam "As aventuras do pato Fafá", enquanto eu partia para a releitura de um tomo de Condessa de Segur. Os sábios relêem. Eu era chata, mas tinha razão, às vezes.

"Que eu te procurei pra me confessar: eu chorava de amor, e não porque eu sofria..."

Algumas coisas ficam coladas na memória como sticks do Garfield: sem antes, nem depois, tampouco porquês. Eu não assistia às missas do colégio. Eu nunca soube o prenome do Papa Pio XII. Eu me lembro da última vez em que estive lá. Num arroubo de saudades injustificadas, achei o site do colégio, e vi as fotos das quadras, do pavilhão, da cantina. Me lembro da última vez que vi o Eduardo Esponja. Acho que o nome do amigo dele era Fábio. E ele gostava de mim.

"Eu tive fora uns dias, eu te odiei uns dias, eu quis te matar..."

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Todas essas reminiscências por causa de outro Eduardo: Lyra, dos Paralamas do Sucesso, que ainda me surpreende pela semelhança com o meu passado. Me assusta e me encanta. Era uma época em que os meninos ainda pareciam anjinhos...

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Ouvindo Bang, Bang, Nancy Sinatra. Kill Bill's Sountrack. Pungente. Preciso rever o filme.

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