sábado, maio 22, 2004

Quem tem amigo...

Pois não é que, no meio do telefonema de atualização, este ser humano me manda duas fotos do A.J.A.?

E por motivos diferentes, o A.J.A. está na mesma casta que o Mouro. Inatingível. Com uma diferença: levei um ano pra conseguir falar no Mouro. Para tocar no assunto A.J.A., foram só sete meses.

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Eu tenho saudade dos ensaios da banda. Tenho saudade de me enfurnar todo domingo no estúdio, de sentar no aquário com o headphone e ficar ligada no andamento. Estou morrendo de saudade de discutir com o Mel sobre o uso da condução ou do ataque. De ver o Felipe e o Metade discutindo por causa de miscelas. Da rotina de chegar, pregar o set na parede do estúdio, pegar a gaita do Felipe e ficar tentando fazer algum som que não fosse atonal.

Sinto falta das invariáveis cervejas depois do estúdio, da expectativa sobre o que o Felipe ia inventar de piadinha para aquele dia (o auge foi ensaiar com o roupão do SuperClubs Breezees, de bermuda e sem camisa). De ver o Léo com o chapéu de leprechaun, sempre o dono da paz.

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Mas tenho saudades dos ensaios no estúdio do Passos. Da primeira formação da minha tropa, de também sentar no aquário e ficar vendo o Pudim na bateria. Meu cúmplice, companheiro que fazia as viagens mais divertidas. Saudade de ver o Márcio Telmo na percussão, moço que era o principal beneficiado da minhas massagens nas costas, o único com cara-de-pau suficiente para invadir meu quarto de madrugada atrás das barras de chocolate que eu passei a comprar em número extra, depois dele.

E na segunda formação, Fabinho Serrano, meu melhor companheiro de viagem, jornalista que foi orientado pelo meu mestre maior da faculdade. Fabinho, tão amante do Calvin quanto eu, bonito que nem um pecado, o melhor guitarrista que conheço, membro de uma família tão linda quanto ele. Fabinho, que quando estava irritado ensaiava country music com guitarra havaiana. Fabinho, que me fez desmoronar com um abraço, depois do show de Costa de Sauípe.

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Cada trabalho forma uma família. Somos irmãos, filhos, pais, maridos, mulheres, amantes. Quando um ônibus viaja com 28, 30 pessoas, cada um se torna uma variável deliciosa. É uma fauna de vontades, desejos, esperanças, hábitos, cheiros, gostos e texturas. É um carrossel de abraços, uma ciranda de corpos e mãos e olhos, um quatrilho sem fim. Somos sempre os forasteiros numa terra estranha, estamos sempre ao alcance dos olhos do outro. Somos uma unidade de combate, um multi que faz o uno.

Somos sempre nós contra o mundo.

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Mãe é mãe

— Dani, aproveita que o tempo melhorou (?) e dá um banho na Nana.
— Mãe, o tempo NÃO melhorou.
— Mas dá banho assim mesmo. A gente seca com secador de cabelo.


Óbvio que o banho ficou pra amanhã.

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