quarta-feira, maio 05, 2004

Enxaqueca. Trabalho ainda atrasado. Diga boa tarde para a minha quarta-feira.

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Suporte telefônico ao Windows XP... eu em Salvador, ele no Rio! E olha que eu fui quase convencida a instalar o Linux num dos discos do computador do quarto!

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Chega de artesanato local!

Por que eu continuo dando chances a quem não as aproveita? Por que eu criei uma quarta identidade para fazer funcionar as engrenagens daquela máquina enferrujada pelo excesso de água do mar e vento? Aliás, essa é uma pergunta interessante, que vai me fazer diagnosticar um caso de oligofrenia em último grau. Nele. Por que eu sempre me interesso pelo tipo mais estranho da gôndola? Por que não por um que é produzido em série, que venha com manual, e que se der defeito, é só levar na assistência e trocar as peças... Ou pegar um novo!

Mas não! Eu sempre quero os tipinhos artesanais, feitos à mão - e não raramente, feitos à facão cego -, um de cada vez, beeeem cheios de particularidades, defeitinhos, charmezinhos. Eu sempre quero aquele tipo que foi feito uma vez, e que dando certo ou errado, é aquilo que o consumidor final vai ter que aturar. Maldita atração pelo artesanato local!

"Compra, tia, pra me ajudar"!, e lá vou eu, seduzida pelos sorrisos, pelos olhos do bonequinho, comprando essas versões exclusivas dos brinquedinhos da Estrela. Em qualquer sinal da cidade, em qualquer feira de interior, eu sempre arranjo o tipinho "exclusivo". E aí sofro porque o barro não foi bem cozido, porque os olhos não foram bem presos, ou o cabelinho soltou - e eu descobri que veio pouca cola no cérebro, também. E essas porcarias quebram. Quebram, e nada pior, mais feio, que bonqeuinho artesanal sem conserto. Vira meio monstro, a gente vê tudo por trás, por dentro, como o punhal de plástico que segurava a cabeça do Fofão. Dá medo.

Aí eu junto os cacos, tento colar, não dá. Acaba que a cola que eu uso não resiste à quantidade de lágrimas que caem por cima do bonequinho. Mesmo que sejam lágrimas metafóricas, mais corrosivas que as lágrimas de cloreto de potássio. Um dia eu acordo e vejo que não pensei no bonequinho quebrado, lá no canto, do lado porta-retratos de outros bonequinhos. Que dia tão azul é esse!

Visto a alma de cores quentes, jurando que é a única concessão que farei à "cor local". Entro no meu colar de contas coloridas, amarro o torso na cabeça, coloco minhas pulseiras de balangandãs e saio. "Desta vez, vou escolher meu próximo bonequinho numa loja de departamento multinacional. Sears!".

Tolinha... Eu nunca cheguei à tal loja. Na primeira esquina acabei me encantando com uma escultura de bronze, onde até os óculos são aramadinhos e bem feitos. Ah, tem tanto tempo que ando querendo essa peça... Não é possível, bronze é tão resistente...

E compro. De novo. Só quando chegar em casa é que vou perceber que as pecinhas articuladas desarticulam a estátua de bronze. E que de bronze mesmo, só o nome, porque ao primeiro sumiço do sol, o artesanato local esverdeia. Artesanato local? Ai, de novo, não!

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