quinta-feira, novembro 29, 2007

Ainda dia 8 - Fofuras

Ele insiste na idéia de que devo escrever um livro. Diz que adora o que lê aqui, que adora a maneira como encharco as histórias com ácidez. Eu sempre rio, fico meio tímida, ignoro o assunto e digo que não é pra mim.

Hoje ele me chamou de medrosa, e disse que de medroso bastava ele. Voltou a dizer que achava que eu deveria escrever algo mais longo do que um post, e que ele mesmo seria parte fundamental na confecção do livro.

Muitas horas mais tarde, quando cheguei da "tarde que não deu certo", cheia de coisas pra resolver, ainda sem orçamento do som, vejo um email dele.

E fez-se a luz do meu dia: ele, de brincadeirinha, e pedindo desculpas pelo texto "pretencioso" — e que achei lindo —, escreveu a contracapa do que seria meu livro, batizou o volume, criou o conceito, e compôs a primeira prova da arte gráfica.

Olhei para o projeto todo por um bom minuto, perplexa. Tanto trabalho só para me convencer de que eu posso, sim, escrever um livro? Os olhos cheios de areia marejaram, e a primeira resposta pra ele foi absolutamente passional.

A segunda foi um pouco mais contida, mais ponderada. Mas ainda assim foi impregnada da emoção que senti em ver a primeira prova de um livro que ainda não nasceu.

Não vou pensar nisso agora, enquanto o orçamento do som não chega, enquanto o orçamento dos seguranças está amarrado, enquanto os gringos não chegam para acabar logo esse evento e irem embora de vez. Mas vou usar o projeto como wallpaper no computador, com o texto, a minha foto que ele roubou de sabe-D*us-onde (orkut, decerto), e todo dia vou olhar um pouco e maturar a idéia...

Vai que...

O.o

Estou muito desacostumada a receber gentilezas. Não sei como agradecer, não sei como retribuir. Na maior parte das vezes, só fico com cara de boba, sem reação que não um sorrisinho nervoso. Você não faz idéia de como me senti especial e honrada pelo tempo que você levou elaborando e executando, procurando fotos de rezadeiras, roubando a minha, e juntando tudo com aquele texto lindo como amálgama.

Espero encontrar alguma coisa com a qual possa retribuir esse sentimento de "ser especial" que você me faz ter.

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Turn and drink of me, or look away and never more think of me
Cave

Sobrou um último cigarro, daqueles que ele me deu só para o caso de eu sentir saudade dele vontade de fumar. Tenho dois maços cheios, fumei muito menos hoje. Mas o raio do cigarro está lá, morando sozinho numa latinha de Luckies.

Mas vou te dizer: estou com uma vontade louca de matar este último crivo, como num ritual de expurgo. Nem tenho motivos, já que anteontem ele perguntou por mim, e haveria alguma chance desse carma se resolver ainda nessa vida.

Hoje estou saturada dele, e isso não quer dizer de saco cheio. É saturada mesmo, cheia até a tampa, minha alma está vivendo colada na alma dele, dentro daquele corpo. É horrível, porque pouco ou nenhum tempo para devanear sobre a situação, e ainda assim, quando me dou conta, repeti seus gestos, seus gostos e seus hábitos em todas as horas do dia.

Eu ensaio diálogos mentais em que o coloco para fora da minha vida, eu reescrevo o fim de maneiras diferentes. Na minha novela, todos os problemas que ele tem — e que me mantém constantemente afastada — foram magicamente resolvidos. Eu passo o dia inteiro dicutindo com um ele que só existe no meu imaginário, falando algunas verdades que já foram quase explicitadas na noite mais inoportuna de todas, desde o início.

E o pior: eu não estou apaixonada. Estou num estado inédito nesta minha vidinha pouco ordinária. Não, não sei que estado é esse. É um viver em suspenso, e viver intensamente cada escassa hora em que nos encontramos. Alguma coisa entre a cisma e a obsessão.

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Pela evolução da coisa, rezo para chegar ao dia seguinte do evento sem ter tido uma crise de vesícula. Sim, suspeita de cálculos biliares. Sim, tem doído um pouco. Não, não fiz a ultrassonografia ainda.

Já vou deixar a Sem Noção de sobreaviso. Se precisar ser operada de emergência, que D*us me ajude a tê-la por perto para terminar de aboiar esses gringos evento afora.

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Estava relutando em tirar as lentes porque estava firme na disposição de ir ao Balcão sozinha, tomar dois chopps, pensar um tantinho na vida, e voltar pra casa.

Minha necessidade hoje é de ficar em casa, preparando uns emails feios para enviar às doze badaladas. Mas queria tanto espairecer um pouco por lá, jogar conversa fora e respirar uma lufada de vento cheirando à maresia...

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