Estou com saudades de alguma coisa que certamente nunca tive. Do alto dos olhos que pouco vêem, uma ou duas lágrimas se avolumam, doidas para enfim correr e ganhar mundo. Doidas para se verem livres desta prisão, onde a carcereira não as deixa sequer olhar por entre os postigos para ver a cor do céu.
De verdade, não tenho o que dizer. Tenho é uma necessidade absurda de fugir, de me esconder de mim mesma, de passar pelo espelho e fingir que não sou eu. Eu podia dizer que tudo foi desencadeado por uma releitura de mim mesma em forma de post, fragmentos perdidos no tempo, e deturpados pelos olhos míopes de quem mal consegue enxergar a própria vida. Mas não é só.
É a imagem clara de um copo de vidro meio baço, no limite exato de transbordar. Borderline. E lá do alto, aquela gota sádica que demora horasdiassegundosanos para terminar de completar seu ciclo e cair. Cair para acabar com o delicado equilibrio que todas as outras gotas haviam conseguido dentro do copo. Essa sou eu. Sou copo, sou água, sou gota, sou o equilibrio e a falta dele. E cansa ser tudo. Cansa não ser só a gota, cansa não ser só o copo, cansa não escolher entre o equilíbrio e o completo desatino.
Eu não sei quando cai — ou caio — a última gota. E não sei como vai ser quando o copo, ou eu, transbordar. Não sei quanto de mim vai se perder nesse gotejar de mim mesma. Nem o que va sobrar.
Mas tem que ser melhor do que essa suave e lacerante agonia da espera. A espera de cair para finalmente me juntar a mim mesma, e voltar a ser completa.
********
Reinofy, obrigada. Eu consegui. Aos trancos e lágrimas, mas consegui. Nada do que é bom é simples.
Nenhum comentário:
Postar um comentário