sexta-feira, novembro 09, 2007

Volver aos 25

Estou com saudades de alguma coisa que certamente nunca tive. Do alto dos olhos que pouco vêem, uma ou duas lágrimas se avolumam, doidas para enfim correr e ganhar mundo. Doidas para se verem livres desta prisão, onde a carcereira não as deixa sequer olhar por entre os postigos para ver a cor do céu.

De verdade, não tenho o que dizer. Tenho é uma necessidade absurda de fugir, de me esconder de mim mesma, de passar pelo espelho e fingir que não sou eu. Eu podia dizer que tudo foi desencadeado por uma releitura de mim mesma em forma de post, fragmentos perdidos no tempo, e deturpados pelos olhos míopes de quem mal consegue enxergar a própria vida. Mas não é só.

É a imagem clara de um copo de vidro meio baço, no limite exato de transbordar. Borderline. E lá do alto, aquela gota sádica que demora horasdiassegundosanos para terminar de completar seu ciclo e cair. Cair para acabar com o delicado equilibrio que todas as outras gotas haviam conseguido dentro do copo. Essa sou eu. Sou copo, sou água, sou gota, sou o equilibrio e a falta dele. E cansa ser tudo. Cansa não ser só a gota, cansa não ser só o copo, cansa não escolher entre o equilíbrio e o completo desatino.

Eu não sei quando cai — ou caio — a última gota. E não sei como vai ser quando o copo, ou eu, transbordar. Não sei quanto de mim vai se perder nesse gotejar de mim mesma. Nem o que va sobrar.

Mas tem que ser melhor do que essa suave e lacerante agonia da espera. A espera de cair para finalmente me juntar a mim mesma, e voltar a ser completa.

********

Reinofy, obrigada. Eu consegui. Aos trancos e lágrimas, mas consegui. Nada do que é bom é simples.

Nenhum comentário: